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Opinião|Esses Moços: a saga dos três perdidos numa metrópole hostil

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Em seu primeiro longa-metragem, Esses Moços, o cineasta baiano José Araripe Jr. procura mostrar um aspecto da realidade de Salvador que raramente é retratado. O filme, cujo título é tirado da canção de Lupicínio Rodrigues, mostra como duas crianças de rua se relacionam com um adulto desmemoriado. E como esse trio, brancaleônico, se vira para sobreviver na metrópole cruel.

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Na verdade, é um tema recorrente do atual cinema urbano brasileiro - como a cidade grande devora seus filhos mais fracos. E, de que maneira esse tipo de tema não seria recorrente, dada a estrutura da sociedade onde vivemos? A questão do cineasta será nem tanto a escolha do seu assunto, mas a maneira como deverá tratá-lo. Quer dizer, com que forma vai afrontar suas idéias a respeito do mundo em que vive.

No caso, parece que Araripe (autor dos ótimos curtas Mr. Abrakadabra e Rádio Gogó), opta pela chave da simplicidade. Tem duas atrizes mirins (Chaiendi Santos e Flaviana da Silva), uma melhor que a outra, que tende um pouco à histeria, e ambas contracenando com um ator veterano, Inaldo Santana, no papel do desmemoriado.

Essa trinca assimétrica de desvalidos poderia talvez encontrar uma dinâmica melhor se a proposta que lhes apresenta o roteiro não fosse tão fluida. E também a intensidade do filme poderia ser outra caso a direção não a deixasse tão plana. É um filme singelo, honesto, bem-intencionado. A causa é boa; o resultado nem tanto.

(SERVIÇO) Esses Moços (Br/2004, 84 min.) - Drama. Dir. José Araripe Jr. 2 anos. HSBC Belas Artes 4 - 15h, 16h50, 18h40, 20h30 (sáb. também 22h10).Cotação: Regular

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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