Enrolados tem também o seu "príncipe", na figura um tanto heterodoxa de um ladrão charmoso, Flynn Rider, para o qual a princesa lança as tranças. Na versão dublada, a voz de Flynn é a de Luciano Huck. Feita a advertência, cabe registrar que o filme é encantador. Recupera o gosto pelas canções dos desenhos animados clássicos e retrabalha uma história conhecida com emoção e humor.
O 3D é usado com parcimônia, sem fazer da técnica um fetiche. A profundidade de campo está presente o tempo todo, mas quando a terceira dimensão é enfatizada funciona muito bem. É o caso da bela cena em que milhares de balõezinhos luminosos, usados na festa de evocação da princesa desaparecida, parecem ao alcance da mão.
Do conto em si, muito já foi dito. Sob a capa de história singela, debate temas profundos como o apego doentio aos filhos e a necessidade de separação sob a premência da sexualidade nascente. Como outros, o de Rapunzel está inscrito no inconsciente da espécie. É muito interessante ver como a tecnologia do cinema avança, mas se vale das mesmas estruturas mentais do público para garantir o sucesso na bilheteria.
Enrolados inova na linguagem mais debochada dos tempos atuais e na técnica 3D. No mais, é tradicional como os desenhos clássicos da Disney. Ou como as ancestrais histórias populares contadas pelos irmãos Grimm no início do século 19.