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Opinião|Domingo é dia de futebol...também na Mostra

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Para quem gosta de futebol e cinema, e acha que essas duas artes não se relacionam lá muito bem, há duas atrações hoje na Mostra. Para demonstrar que o jogo da bola pode servir muito bem como enredo para ótimos filmes.

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Um deles é Fora do Jogo, de Jafar Panahi (Metrô Santa Cruz, 19h). Várias garotas tentam entrar no Estádio onde se joga a classificação do Irã contra o Bahrein por uma vaga na Copa do Mundo na Alemanha. Acontece que lá as mulheres não podem ir ao estádio, pois "futebol é coisa de homem" e portanto fere os preceitos religiosos. Panahi é sutil. Empregando o futebol como pano de fundo tenta mostrar a intolerância sexista nas sociedades islâmicas e, o que é melhor, o faz de maneira muito bem-humorada. Impossível não simpatizar com aquelas garotas capazes de fazer qualquer coisa para torcer pela sua seleção.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hambúrguer (Arteplex 1, 19h20). Este é brasileiro e vai dar muito o que falar. Na minha opinião, é, salvo esquecimento, o filme nacional que mais bem utiliza o futebol como pano de fundo de uma ação dramática. A história se passa nos anos 70, quando a ditadura militar vivia seu auge, a economia ia bem e o povo ia mal, e o país mandava ao México a sua grande seleção de Pelé, Tostão, Gérson, Rivellino, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres e outros. A história é a de um menino de Belo Horizonte. Como os pais parecem envolvidos na luta contra o regime, têm de escapar e pretendem deixar o garoto em São Paulo, no Bom Retiro, com o avô, à espera de que as coisas melhorem. O pai promete ao filho voltar antes do final da Copa. E assim, o que temos é o cotidiano do garoto no antigo bairro judeu de São Paulo, à espera de uma volta muito esperada. Enquanto isso, os acontecimentos vão sendo pontuados pelos jogos da Copa no México. É um filme emocionado e emocionante, que você não deve perder. Se viveu aquela época, então, convém levar uma caixinha de lenços de papel para o cinema. Na sessão para a imprensa vi muito marmanjo soluçando.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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