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Opinião|Dois Filhos de Francisco na cabeça

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Amigos, volto ao computador pela última vez aqui em Cuba para registrar que Dois Filhos de Francisco, de Breno Siveira, ganhou o prêmio do júri popular do Festival de Havana, com 4.794 pontos, média ponderada da votação. Como ele estava sendo seguido de perto por Las Manos, da Argentina, que teve uma sessão espetacular no Cine Yara, pensei que poderia ser alcançado na reta final. Mas não. A votação fechou com a vitória da história de Zezé Di Camargo e Luciano contada por Breno Silveira. Mais um troféu para se juntar à fieira de prêmios que o Brasil ganhou neste ano em Havana. Dois Filhos de Francisco é um filme popular que agradou pelo menos em parte à crítica brasileira. Eu gosto, acho um belo filme, emocionante, honesto e que consegue se comunicar com a platéia. Me alegra pensar que uma história ambientada no universo rural brasileiro possa falar também para platéias de outros países.

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Como estou postando aqui essa vitória de Dois Filhos de Francisco, aproveito para esclarecer algo que deveria ser óbvio, mas não entra na cabeça de gente obtusa: este aqui é um festival internacional de cinema. Não é um festival de cinema cubano ou uma mostra de filmes ideológicos pró-revolução castrista. O nome completo dele é Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano e realizou este ano sua 28ª edição. Quer dizer, reúne competidores de toda a América Latina.

Mas, além disso, aqui se realizam mostras informativas de outras cinematografias. Este ano houve retrospectivas dos cinemas alemão, francês e italiano. Vêm filmes de outras nacionalidades, como Irã, Estados Unidos, China, Espanha, etc. Mais: chega gente de todo o mundo, europeus, norte-americanos, orientais, além de latino-americanos de vários países do continente. Conversamos entre nós e trocamos idéias. Trata-se de um congraçamento internacional, como costumam ser os festivais de cinema no mundo todo e nem por isso despertam ódios ideológicos. Esse eventos, em seu melhor aspecto, têm por finalidade abrir os olhos das pessoas, alargar seus horizontes, mostrar perspectivas distintas para a realidade, que costuma ser mais complexa do que sonham nossos vãos preconceitos.

Agora, quem deseja permanecer em seu mundinho seguro de certezas pré-estabelecidas, que faça bom proveito. Abraços a todos e até aí, no Brasil.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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