Vi Djon África algum tempo atrás, no Olhar de Cinema, festival que se realiza em Curitiba. Tive uma boa impressão deste filme que agora entra em cartaz em São Paulo. E, suponho, em outras cidades do País. Vale a pena ser visto.
Seu personagem principal é Miguel, rapaz meio perdidão, sem grandes objetivos na vida. Seu cotidiano é visto num prólogo de Djon África, dirigido por Filipa Reis e João Miller Guerra.
Miguel fala com as garotas, deambula por Lisboa, tenta furtar roupas em uma loja, sem sucesso. É um estroina, vive com a avó, não conhece pai nem mãe. Um dia, a avó lhe diz que, quando criança, Miguel foi conhecer o pai na prisão, mas os guardas não o deixaram entrar. Logo em seguida, o homem foi expulso de Portugal e repatriado para Cabo Verde. Miguel adulto, agora com 25 anos, resolve ir em busca do pai. E embarca para Cabo Verde.
Nesse momento, Djon África toma seu rumo e sua embocadura. Trata-se, para o personagem, de encontrar o pai, referência biológica, mas também simbólica, de centro a partir do qual adquire-se uma identidade até então faltante.
É também o "reencontro" com o país que jamais conheceu, e onde estão suas raízes. Mas o que são essas famosas "raízes", de que tanto falava Lúcio Rangel ao analisar a música brasileira? O filme discute esses e outros temas, de maneira descontraída, mas nem por isso menos séria.
Djon África é divertido sem ser leviano; profundo na medida certa, sem se perder em teorias ou teses prontas. Não faz proselitismo nem discursos moralizantes. Já é muito.
+++Leia texto sobre o filme escrito durante a mostra Olhar de Cinema