Entre eles, Metamorfoses, de Christophe Honoré, um aggionamento do poema de Ovídio. Não se pode dizer que seja ruim (embora muita gente tenha saído da sessão com impaciência), mas é difícil afirmar o contrário, que seja encantador. Sensual, às vezes engraçado e satírico, com belas imagens e gente muito jovem e bonita interpretando Júpiter, Narciso, Eros e outros personagens do mito grego, Metamorfose é mais tedioso que instigante.
Não se pode dizer que tenha conseguido imergir no mito, como fazia, por exemplo, com toda a magia, Pier Paolo Pasolini (sobre quem se falará muito por aqui em razão do filme de Abel Ferrara). Honoré parece plugado demais no contemporâneo para fazer a pajelança com o intemporal. Em termos plásticos, Metamorfoses é belo. Não nos atinge.
O diretor disse que precisamos rever a Grécia clássica, pois agora, sempre que se fala nesse país, nos vem à mente a palavra crise. Concordo. Devemos tudo aos gregos. Da filosofia ao idioma, passando pela mitologia. Devemos a eles até mesmo a palavra "crise".