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Opinião|Diário de Veneza 2011: O Morro dos Ventos Uivantes

Quem diria que o atormentado Heathcliff, já interpretado por Laurence Olivier e Ralf Fiennes em versões anteriores de O Morro dos Ventos Uivantes, seria agora vivido pelo jovem ator negro James Howson? Essa subversão adicional dá ainda mais força à adaptação da escocesa Andrea Arnold para o romance de Emily Brontë, uma das peças literárias mais famosas da língua inglesa. Até agora, a transposição mais badalada é a de William Wyler, de 1939. Não se sabe se a de Arnold terá fama tão duradoura mas, de qualquer forma, foi bem comentada no Lido.

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Não apenas por esta primeira ousadia de Andrea Arnold. Ela tira de uma obra literária um filme de poucos diálogos, quase nada de música, apenas uma linha de interpretação muito intensa e corporal imposta ao elenco. Modestamente, diz que não tinha nada de premeditado e que a estética foi se fazendo ao andar, como no caminhante de Antonio Machado: "Não tenho um grande plano quando começo um filme. É como uma viagem. Não tenho um tema prévio, encontro muitas coisas enquanto faço essa estrada. Sei que é uma viagem longa e interessante e não começo nunca com intenções próprias, apenas com curiosidade".

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Na história de O Morro dos Ventos Uivantes, bastante conhecida, Heathcliff é o rapaz sem teto, recolhido em Liverpool por uma família que o leva a Yorkshire. Desde criança, ele se apaixona por Catherine, a filha do camponês que o adotou. E esse amor terá desdobramentos trágicos, com rivalidades e vinganças. Andrea Arnold leva essa história a um paroxismo amoroso que não deixa de ser impressionante. Catherine, quando adulta, é interpretada pela atriz britânica Kaya Scodelario, famosa pela série de TV Skins, mas que, para nós, têm outra particularidade - é filha de pai britânico e mãe brasileira e fala português fluentemente.

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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