A história é da garota Priscila (Olivia Torres), de 16 anos, que quer ter a primeira transa e escolhe o surfista gostosão da praia. Mas quem está a fim dela é um tipo meio desajeitado e gordinho, o Boca, também virgem. O filme é engraçado, despretensioso e leve. Não dramatiza as situações às vezes angustiantes do despertar da sexualidade adulta.
É, enfim, superficial o bastante para pleitear um espaço no circuito e interessante o suficiente para participar de um festival de cinema como o de Paulínia. É agradável como um picolé de limão.
Na competição entre documentários, Paulínia tem mostrado concorrentes interessantes. Leite e Ferro, de Claudia Priscilla, é um sensível retrato das presidiárias que têm filhos pequenos e amamentam na prisão. Um tanto refém das suas personagens, Claudia poderia ter ido mais fundo em histórias de vida no mínimo contraditórias. São Paulo Companhia de Danças, de Evaldo Mocarzel, faz um estudo composto só de imagens e sons, um belo retrato dessa arte em que o corpo é o próprio instrumento e a obra.
Já As Cartas Psicografadas de Chico Xavier entra no filão aberto pelo centenário do médium de Uberaba. Trabalha com a dor humana - mães que perderam seus filhos e foram a Chico Xavier para tentar entrar em contato com eles. A leitura das cartas, supostamente psicografadas, torna o filme uma experiência repetitiva. Fica o respeito por pessoas que só encontraram algum conforto na convicção de que a morte não é o fim de tudo. Essa atenção pode ser a base para a piedade, mas não é suficiente para o bom cinema.
(Caderno 2, 20/7/10)