Perón é um personagem controverso. Direita e esquerda o reivindicam, um exemplo de plasticidade política impressionante. Deve haver algo de muito ambíguo em alguém capaz de ocupar um espectro político tão amplo. No entanto, essa ambiguidade não é contemplada nessa hagiografia montada por Leplace, ele próprio um peronista confesso e portanto sem grande distanciamento crítico para fazer uma obra mais multifacetada. Articulado e simpático, não conseguiu defender muito bem o seu projeto durante a coletiva. Achei que ficava um tanto irritado a cada vez que alguém fazia algum reparo ao filme. No entanto, embora tenha qualidades, seu Puerta de Hierro (nome da mansão em Madri), possui um tom muito chapa branca. Tudo o que Perón faz é hierático. Até mesmo quando cozinha um simples macarrão se faz acompanhar por uma trilha sonora operística.
A posição política do diretor se mostra na maneira como constrói seu personagem. No caso, à maneira de uma estátua, embora Leplace sustente que humaniza o caudilho, apenas por que o mostra em momentos de dúvidas. Menos, menos.