Talvez encurtar a distância entre o filme e aquilo que dele se fala seja uma das funções da presença da crítica nos debates de festivais, disputando espaço com tietes e puxa-sacos de todos os matizes.
Bem, isso para dizer que, com o debate de Ponto Final, não foi diferente. Não que tenham falado muito bem do filme que entediara mortalmente o público na véspera. Criticou-se. Mas o tom geral, em especial nas respostas equívocas do diretor e equipe, era que se tinha visto algo de muito especial na noite anterior.
Ora, a evidência foi em sentido contrário.
Mas se os debates têm servido muito pouco para esclarecer as estruturas dos filmes (isto é, algumas das razões pelas quais ele agrada ou desagrada, emociona ou não, constrói pensamentos ou não), ainda servem de indicação, ainda que involuntária, para algum insight.
Por exemplo, quando se falava da estrutura de sonho do filme de Marcelo Taranto, um pensamento me veio à mente: como uma retórica tão quadrada e tão antiquada pode funcionar no interior de uma estrutura onírica, ou seja, aquela onde, por definição, vige uma grande liberdade de linguagem?
Talvez dessa contradição nasça o impasse fundamental do filme, aquele que trava sua fluência e fruição, apesar de todas as boas intenções ditas e repisadas no debate.