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Opinião|Diário de Brasília (6): Bernardet, o Big Brother e o espetáculo do eu

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Muito rico o debate com o pessoal do FilmeFobia. Destaco a fala de Jean-Claude Bernardet, teórico de cinema e ator no filme. Ele simplesmente defende que a distinção entre ficção e documentário não tem mais lugar no mundo contemporâneo. Não define mais o cinema ou, sei lá, o tal do audiovisual, que temos por aí e teremos pela frente. Meio sem copy vai aí o que ele disse:

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"Acho que a gente deve fazer um esforço para abolir as palavras ficção e documentário, ou mesmo falar numa mistura entre os dois. Filmefobia se esforça para descobrir novas formas de narrativa na atual sociedade. Nem mesmo diria que é metalinguagem, um termo que ainda define algo que sobra da relação com a narrativa clássica. Metalinguagem é algo ainda a ser superado. É um vestígio. A tentativa que eu faço de compreensão do trabalho que nós fizemos Em conversas com Lucas Bambozzi, discutíamos qual o traço estético fundamental da nossa contemporaneidade? Trabalhávamos numa área estética à qual pertencem obras diversas, com o mesmo traço: O Big Brother, fato estético da maior importância, Santiago (de João Moreira Salles, Jogo de Cena (de Eduardo Coutinho), Filmefobia, etc. Estamos todos trabalhando dentro da mesma esfera. E tem tudo a ver com o Big Brother. Somos contemporâneos. É a espetacularização da pessoa. Seja a moça que quer ficar famosa no Big Brother ou eu no FilmeFobia. Construímos uma pessoa espetacularizada ou para o espetáculo. Filmefobia tem a ver com a perda da subjetividade, da intimidade, da necessidade de nos gerarmos como forma de espetáculo. Eu fiz isso na literatura, na critica, e em outros filmes."

Eis aí, a declaração corajosa e polêmica de um dos nossos principais ensaístas de cinema. Cabe discuti-la e ver no que pode nos ajudar a entender as manifestações contemporâneas.Não é para aceitá-la passivamente ou recusá-la bovinamente. É objeto de debate.

Leia aqui o que escrevi no jornal sobre FilmeFobia.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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