Foto do(a) blog

Cinema, cultura & afins

Opinião|Diário de Brasília 2015 (1). Homenagem aos irmãos Carvalho e Um Filme de Cinema

 

PUBLICIDADE

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

BRASÍLIA. Faz parte da tradição: as aberturas e encerramentos do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro se dão no Teatro Nacional Claudio Santoro. As sessões competitivas, no Cine Brasília. Este ano, a abertura foi no próprio Cine Brasília. Motivo: o belo teatro da capital está em reforma. Enfim, o Cine Brasília assistiu, em sua noite de abertura, a homenagem ao grande documentarista paraibano, radicado na capital federal, Vladimir Carvalho. O governador do DF, Rodrigo Rollemberg subiu ao palco para entregar o troféu e ouviu algumas vaias. A coisa não está para políticos. Mas logo cessaram, em razão, provavelmente, da homenagem a Vladimir, uma pessoa muito querida na cidade. Em sua fala, Vladimir, que completou em janeiro 80 anos (não parece de jeito nenhum), lembrou que, natural da Paraíba, chegou a Brasília para ficar permanecer dois meses. E foi ficando. Está até hoje, 45 anos depois. Aqui foi fazendo toda a sua obra, O País de São Saruê, A Pedra da Riqueza, Conterrâneos Velhos de Guerra e Barra 68 - este sobre a invasão da Universidade de Brasília durante a ditadura. Vladimir está agora filmando um documentário sobre o artista plástico Cícero Dias. E diz que a idade lhe conferiu um privilégio: "Estou fazendo tudo sem pressa, no meu ritmo. E do jeito que quero. Se gostarem, ótimo. Senão..." Longa vida a mestre Vladimir, a quem devemos tantas e tão belas obras. Que venham outras. No ritmo que ele desejar.

Mas quem também acabou homenageado foi o irmão mais moço de Vladimir, o fotógrafo e cineasta Walter Carvalho, que apresentou, fora de concurso, seu novo trabalho, Filme de Cinema. Trata-se de um belo documentário sobre o fazer cinematográfico, que ouve vários diretores sobre o métier: Bela Tárr, Ken Loach, Hector Babenco, Ruy Guerra, entre outros. Além disso, volta à cidade das filmagens de Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore. E vai também ao sertão nordestino, onde um cinema abandonado é recuperado e posto em funcionamento pela equipe do filme. Tudo por amor ao cinema, num trabalho emocionado e reflexivo.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.