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Cinema, cultura & afins

Opinião|Diário de Brasília 2010: Bobagens e trairagens

Mais um festival se foi. Estou no aeroporto em Brasília esperando voo para Sampa. Penso nos dias passados. O resíduo deles ainda precisa decantar. As primeiras impressões são contraditórias. Alguns filmes bons, outros meia boca, o que é normal. Tem uma coisa chata, que é o cara vazio e pretensioso e se acha melhor que os demais. A minha impressão é que essa atitude mental se reflete no cinema da pessoa. Sei lá. Patifes ainda podem fazer boa arte; tenho minhas dúvidas quanto aos idiotas.

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Atualização:

Chata também foi a confusão causada pelo vazamento da premiação pelo UOL. A internet reforçou esse vício jornalístico infantil de "dar a notícia antes, a qualquer preço".  Há poucos anos, o furo era de um dia. Agora é de minutos, segundos. Um portal dá a matéria cinco minutos antes do outro e se acha o máximo, candidato a um desses inócuos prêmios de jornalismo.

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Claro, já posso ouvir coleguinhas defendendo: informar o público o mais rápido possível é o nosso dever etc. Verdade. Em se tratando de um acidente, uma queda de presidente, uma epidemia, quanto mais pressa melhor. Mas, uma premiação de cinema? No que muda saber agora ou meia hora depois? O que altera na ordem do universo? Acho tolo, tolo, uma infantilidade mesmo.

E há o caso do embargo quebrado. Isso não se faz. Prejudica todo mundo, a começar pelo próprio festival que teve a sua festa de encerramento arruinada, esvaziada, ridicularizada. Quem ganhou com isso? O público é que não foi. Tanto não foi que as pessoas vaiaram, muitas foram embora se sentindo traídas. Ninguém vai a uma premiação se souber o resultado de antemão.

Algum idiota, neste momento, deve estar se achando o máximo, e que deu uma grande tacada ao quebrar o embargo. Acha que deu um furo, quando foi apenas traíra. Talvez um dia esse tipo de "jornalismo" entre em decadência. Mas confesso que não tenho muita esperança nisso.

Enquanto isso, convém desconfiar desses caras. Um embargo é um acordo de cavalheiros. Mas esse tipo de acordo só funciona quando existem cavalheiros dos dois lados.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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