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Opinião|Diário da Mostra 2012. Abertura

 

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

Hoje à noite começa mais uma Mostra de Cinema de São Paulo. Abre com No, de Pablo Larraín, apenas para convidados, no Ibirapuera. Estou curioso para ver este filme, cujo tema é o referendum chileno de 1988 sobre a permanência, ou não, de Augusto Pinochet no poder.

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Amanhã, começa a Mostra para valer, isto é, para o público. O que esperar da primeira edição sem Leon Cakoff, o grande criador e animador do evento, que morreu há um ano?

Veremos. Mas tenho toda a confiança em que Renata de Almeida e sua equipe tocarão a Mostra com a competência de sempre.

Este ano programaram cerca de 350 títulos. Acho inabordável. Qualquer coisa acima de 80 ou 90 já é. Não tem tanto filme bom assim no mundo. Querer fazer evento de 300, 400 filmes, para mim não passa de exibicionismo. Senti isso quando estive agora no Rio e vi que eles apresentam o festival deles lá como "o maior da América do Sul". Na cara dura. Quer dizer, é aquela coisa feita para entrar no Guiness, como o prédio mais alto, a maior pizza, quem consegue comer mais hambúrgueres, etc.

Enfim, entrar nesse cipoal de filmes não é fácil. Sempre perderemos muita coisa, e o jeito é apontarmos ao leitor o que nos for possível. Depois, nesse acúmulo, têm os filmes que não valem muito a pena. E outros, que valem sim, mas logo em seguida entrarão em cartaz e poderão ser vistos, com todo o conforto, numa sessão normal, sem o estresse da Mostra.

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Há os obrigatórios, por exemplo, as retrospectivas: Tarkovski, Shibuya e Loznitsa. Tarkovski é um dos valores mais seguros do cinema contemporâneo. Não conheço filme seu que não nos coloque numa dimensão metafísica, de pensamento e emoção. É um dos grandes. Se tiver tempo veja tudo, apesar de toda a sua obra estar em DVD. Na tela grande, e em película, é outro papo.

Depois, há os filmes que de fato valem a pena, filtro que passa pela subjetividade do crítico, já vamos avisar.

Do que vi, não perca no primeiro dia:

1)A Bela que Dorme, de Marco Bellocchio, tremenda discussão (em base ficcional) sobre a eutanásia, baseada num caso real.

2) Tabu, do português Miguel Gomes, uma história de triângulo amoroso, em preto e branco, numa narrativa totalmente original. Amei o filme.

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3) Felicidade, da alemã Doris Dörrie, uma história de amor entre uma prostituta e um punk, morador de rua, que evolui para um desfecho dos mais inesperados. Interessante, mas em patamar bem abaixo aos dois primeiros citados.

No dia a dia, vou indicando aqui no blog o que me foi dado ver e gostar, ou achar estimulante.

Boa Mostra a todos.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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