Desse modo, a aventura proposta por Jeunet se resume a invadir a casamata desses senhores da guerra e levá-los à perdição. Seria mesquinhez negar a originalidade com que Jeunet faz sua denúncia da guerra, vista não como "loucura", como pacifistas ingênuos costumam defini-la, mas como negócio lucrativo - o que a torna mais criminosa ainda. Fosse apenas um desvario, seria algo a lamentar, uma insanidade inscrita na limitada natureza humana. Mas, como fato destinado a vender armas e produzir lucro, revela-se simplesmente execrável. É o que está no centro, digamos, ideológico, do filme e se refere, obviamente, ao envolvimento europeu na Guerra do Iraque, mais recente manifestação dessa atividade comercial a serviço da morte e do dinheiro.
Que essa ação venha de um grupo de marginalizados, é expressão do pensamento social de Jeunet. Ele o veste com sua marca pessoal, o aspecto lúdico. Sua paixão por engenhocas e seu afeto pelo registro fotográfico um tanto estiloso, sua busca da maneira mais inesperada de atingir um alvo - tudo isso está lá, inevitavelmente. Quem prefere a simplicidade, que a busque em outra parte. Tem lá seu encanto.