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Opinião|Conceição Senna e Leopoldo Nunes, duas perdas do cinema nacional

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Atualização:
Conceição Senna em Gitirama Foto: Estadão

 

Um dia após outro o cinema brasileiro perdeu dois de seus personagens. Na terça, foi-se Leopoldo Nunes, aos 54 anos; na quarta, partiu Conceição Senna, aos 83.

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Pouco convivi com Leopoldo que, além de cineasta, foi pessoa importante na política cultural cinematográfica do País. Oriundo das ABDs (Associações Brasileiras de Documentaristas), Leopoldo ocupou vários cargos na administração federal, integrando a diretoria da Ancine e chegando a Secretário do Audiovisual durante a gestão de Marta Suplicy, no governo Dilma Rousseff.

Dentre as realizações de Leopoldo, lembro da Programadora Brasil, coleção de filmes brasileiros, acompanhados de ficha técnica e folheto crítico, destinada a fins educativos. 

Como cineasta, Leopoldo dirigiu alguns curtas e o longa O Profeta das Águas, tendo como personagem Aparecido Galdino Jacintho, que liderou um levante contra a construção da hidrelétrica de Ilha Solteira durante a ditadura militar. 

Já Conceição era nossa amiga próxima. Sempre em companhia do marido, o cineasta Orlando Senna, muito nos encontramos pelos festivais de cinema da vida. Inclusive em Havana, durante o tempo em que Orlando dirigiu a Escuela de Cine de San Antonio de los Baños, na qual Conceição atuava como professora de Interpretação. 

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Nos víamos muito também no Brasil, em especial em Fortaleza, no tempo dos projetos do Instituto Dragão do Mar, tocados por Senna e Maurice Capovilla, entre outros.

Baiana, Conceição aparece numa das obras primas do cinema brasileiro, Iracema, Uma Transa Amazônica, dirigida por Senna & Bodanzky. Trabalhou em inúmeros filmes, entre os quais Gitirana, Iremos a Beirute, Chega de Saudades, Luz nas Trevas e O Último Romance de Balzac, entre outros. 

Dirigiu também três filmes, Memória do Sangue (curta) e os longas Brilhante (2006) e Anjos de Ipanema (2018). Deixa também dois livros, A Menina, a Guerra e as Almas e Ser Tão Mulher, disponíveis em ebook na Amazon. 

Acho que a última vez que nos vimos foi há dois anos, no Cine Ceará, quando Conceição apresentou Anjos de Ipanema, seu relato pessoal sobre as Dunas do Barato, as Dunas da Gal, reduto carioca da contracultura e do desbunde durante o terror da ditadura militar. Estava contente, amorosa e gentil como sempre, orgulhosa do seu trabalho. 

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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