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Cinema, cultura & afins

Opinião|Clássicos sci-fi

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Clássicos de Sck-Fi é o digstack da Versátil com três DVDs e, pelo menos, dois filmes considerados clássicos do gênero - Eles Vivem (1988), de John Carpenter, e O Planeta Proibido (1956), de Fred M. Wilxoc. Mas os outros também possuem qualidades e cultores - A Ameaça que Veio do Espaço, (1953), de Jack Arnold, O Planeta dos Vampiros, (1965), de Mario Bava, Os Malditos, (1963), de Joseph Losey, e Fuga no Século 23 (1976), de Michael Anderson. Enfim, é um fino biscoito, pequena antologia de um gênero que se mostra influente ao longo de décadas.

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Eles Vivem, de Carpenter, talvez seja o mais bem conceituado, inclusive entre cineastas da nova geração. Um  homem descobre um par de óculos que o torna capaz de identificar alienígenas misturados aos seres humanos. Desvenda-se, então, uma grande conspiração para invasão da Terra. Na verdade, o planeta já está invadido por seres que conquistam corações e mentes com suas mensagens subliminares, tais como "o dinheiro é tudo".

Eles Vivem conquistou espaço ao longo dos anos não apenas por suas qualidades cinematográficas, mas pela presença dessa sutil crítica social a um modo de vida materialista e desumanizador. O elemento fantástico, aliado à consciência das contradições sociais, o fazem um dos filmes de referência da nova geração, ou pelo menos de parte dela que se preocupa com a sociedade onde vive. É o caso de Kléber Mendonça Filho, com O Som ao Redor, e a dupla Marco Dutra e Juliana Rojas Trabalhar Cansa.

Em O Planeta Proibido, Wilcox inspira-se em A Tempestade, de William Shakespeare, para contar a viagem do comandante Adam ao planeta Altair 4. Lá, ele encontra apenas dois habitantes, o Dr. Morbius e sua filha, Altaíra, sobreviventes de uma expedição dizimada 20 anos antes. O clima é de tensão e mistério, valendo-se de efeitos especiais que hoje podem parecer um tanto toscos, mas que guardam ainda seu encanto e frescor.

Outro que merece destaque é Os Malditos, de Joseph Losey, produção dos Estúdios Hammer. Com a aterrorizante descoberta de um complexo secreto que faz experiências com crianças mutantes, Losey faz um comentário ácido sobre a paranoia nuclear -- sentimento de pânico bastante presente ao longo dos anos 1960, em função da Guerra Fria. A ideia de fundo de Losey é mostrar como a mesquinharia dos conflitos humanos se torna insignificante diante de um perigo real, que ameaça extinguir a vida no planeta. Ora, esse é um sentimento político diante de uma ameaça real ou imaginada, mas também um comentário metafísico sobre a pequenez humana diante do Cosmo. Vale dizer que o filme é tanto político como filosófico.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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