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Opinião|Cine PE Um balanço dos curtas-metragens (2)

Outros curtas ainda merecem menção.

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

A Galinha que Burlou o Sistema, de Quico Meirelles, é bem acabado e tem ideia inventiva. Cai um pouco na segunda visão, mas conserva-se ainda sua excelente qualidade técnica. É um abatedouro de aves pelo "ponto de vista" de uma galinha falante e que deseja outro destino para si. Voar, talvez.

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O Fim do Filme, de André Dib. Um tanto superestimado, fala de um funcionário de locadora que gosta de entregar o desfecho dos filmes aos clientes. Até que conhece uma cliente especial. Filme engraçado, criativo, mas que não vai muito além de uma certa cinefilia e um vocação autorreferente.

Confete, de Jo Serfaty e Mariana Kauffman. O "percurso" do confete, da sua fabricação até a folia. Gancho criativo para um filme bastante corpóreo e sensual sobre o carnaval. Lembra alguma coisa de Lira do Delírio, de Walter Lima Jr. Ao menos como inspiração.

A Guerra dos Gibis, de Thiago Mendonça e Rafael Terpins. Já havíamos visto também este curta sofisticado que fala sobre os quadrinhos eróticos paulistanos em plena ditadura militar. Adota uma técnica de mangás e parece fruto de muita elaboração.

Linear, a animação vencedora do festival, de Amir Admoni, também já era nossa conhecida de outros carnavais. Aliás, festivais. É bastante bem feito com sua imagem do homenzinho perdido em meio ao inqualificável trânsito de São Paulo.

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Poderia ainda falar de outros, que têm bons momentos, mas depois caem um pouco, como Colinas como Elefantes Brancos, de Melissa Gava, de bom clima porém indeciso demais; ou Desvelo, de Clarissa Rebouças, importante numa época em que a liberação sexual/afetivo brasileira bate de frente com os Felicianos da vida; ou Alexina - Memórias de um Exílio, de Claudio Bezerra e Stella Maris Saldanha, sobre a combativa viúva de Francisco Julião, o líder das Ligas Camponesas, mas que promete mais do que entrega; ou Sagatio, Histórias de Cinema, de Amaro Filho, que resgata um veterano profissional do cinema brasileiro, mas também não explora suas possibilidades e as da época em que João Sagatio atuou.

Enfim, com raras exceções, as exibições dos curtas proporcionaram momentos de prazer, estímulo intelectual e emoção aos espectadores do Cine PE. Foi uma boa safra.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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