Foto do(a) blog

Cinema, cultura & afins

Opinião|Cine OP 2022: o cinema e a autonomia audiovisual dos povos originários

 

PUBLICIDADE

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

OURO PRETO - Olá, já estou na cidade histórica e a abertura oficial da 17ª Cine OP acontece à noite, num telão montado na histórica Praça Tiradentes. Para quem não o conhece, este é um festival diferente dos outros e funciona sob a tríade Preservação-História-Educação. Não tem competição, o que é outro traço distintivo. Os filmes são apresentados, debatidos e é isso. Não participam de campeonato. 

PUBLICIDADE

O foco deste ano é o cinema indígena, tema que ganha ainda maior relevo com os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na Amazônia. No módulo Cinemas Indígenas: Memórias em Transmissão a ideia é apresentar os cinemas dos povos originários que, depois de várias décadas mediados por realizadores brancos, ganham autonomia. Quer dizer, é um cinema indígena agora realizado por indígenas. O curador Cleber Eduardo selecionou 35 filmes, realizados por 17 povos originários, entre 2002 e 2021. 

Desde muito os indígenas foram apresentados às câmeras de filmar. Um processo pioneiro foi o Vídeo nas Aldeias,de Vincent Carelli, cineasta muito afeito ao tema e diretor de uma obra-prima como Martírio, Corumbiara e Adeus Capitão, entre outras. O propósito do Vídeo nas Aldeias, penso eu, era fortalecer a identidade desses povos originários, através da mediação do audiovisual.  

Já o processo de liberação dos indígenas-cineastas das orientações dos diretores brancos foi progressivo. Hoje se pode dizer que existem diretores indígenas com estética própria, e em que ela consiste? São questões a serem debatidas, pois não me parece que haja respostas fáceis e prontas para elas. Acompanharei com atenção. Tanto os filmes quanto aquilo que vai ser falado sobre eles.  A mostra histórica pode ser vista online. 

E tem muito mais na Cine OP. Além de debates e mesas redondas, serão exibidos no total 151 filmes, de 8 países e 21 estados brasileiros. Formato misto, presencial e online. A programação pode ser conferida e acessada no site www.cineop.com.br

Publicidade

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.