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Opinião|Cine OP 2018: a Nova História do Cinema Brasileiro

A nova obra foi debatida em uma mesa composta pela organizadora Sheila Schvartzman e pelos autores João Luiz Vieira, Guiomar Ramos e Luciano Ramos. A moderação foi do crítico José Geraldo Couto.

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Em Ouro Preto: debate sobre a Nova História do Cinema Brasileiro Foto: Estadão

 

OURO PRETO/MG

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Uma nova história do cinema brasileiro foi anunciada no Cine OP, aqui em Ouro Preto. O livro, que estará nas lojas em um mês, tem organização de Sheila Schvartzman e Fernão Ramos. Atualiza, amplia e revisa conceitos de uma obra canônica para os estudiosos do cinema nacional, a História do Cinema Brasileiro, de 1987, organizada por Fernão Ramos e co-editada pela Embrafilme.

A nova obra foi debatida em uma mesa composta pela organizadora Sheila Schvartzman e pelos autores João Luiz Vieira, Guiomar Ramos e Luciano Ramos. A moderação foi do crítico José Geraldo Couto.

Coube a Sheila explicar as razões que motivaram a nova obra, que consumiu quatro anos de trabalho e será publicada pela Editora do Sesc. "Havia algumas defasagens numa obra escrita há mais de 30 anos", disse. Entre elas, algumas principais: "não se fala mais em 'cinema primitivo', como antigamente; não havia, na obra de 1987, ênfase suficiente às questões de gênero e raça; na atual problematiza-se a idéia de 'ciclo', presente no primeiro livro".

Há uma ideia basilar em quem escreve sobre cultura, assim expressa pelo historiador Marc Ferro: "A história se escreve a partir do presente". E, portanto, incorpora a visão de mundo do tempo atual à sua análise do passado. É inevitável. De modo que questões como gênero e raça, com a importância que adquiriram nos últimos anos, teriam de ser incorporadas a uma (re)visão histórica do cinema brasileiro.

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Da mesma forma, a atualização de conceitos historiográficos, como 'ciclo' e 'cinema primitivo' tornava indispensável a revisão de alguns textos do primeiro livro.

Nas palavras de João Luiz Vieira, professor da Universidade Federal Fluminense, os editores da nova obra "Trazem para o livro os desafios intelectuais do seu tempo". Ele próprio incorporou essas questões "novas" ao seu texto já clássico sobre a chanchada, presente no livro de 1987. "Introduzo atualizações e nuances", diz .

Há estudos completamente novos, como o de Luciano Ramos, sobre o cinema industrial paulista na figura do produtor Oswaldo Massaini, fundador da Cinedistri. E o de Guiomar Ramos, sobre o cinema experimental, destacando quatro figuras de cineastas: Arthur Omar, Aloysio Raulino, Carlos Adriano e Jairo Ferreira.

Enfim, A Nova História do Cinema Brasileiro nasce como obra indispensável para estudiosos, críticos e pessoas interessadas no nosso cinema. Pela extensão (dois volumes) e provável profundidade, bem como pela excelência dos autores envolvidos, exigirá um tempo de estudo e assimilação antes de avaliarmos o reposicionamento que propõe para a interpretação histórica do nosso cinema.Vem para ficar. Pode, pelas revisões introduzidas, provocar controvérsias, como aliás acontece na vida intelectual saudável das sociedades.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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