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Opinião|Cine Ceará 2016. A USP e os negros

 

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Fortaleza - Como antigo uspiano, um curta-metragem me tocou em particular - USP 7%, de Daniel Mello e Bruno Bocchini. O documentário constata que apenas 7% por cento dos alunos matriculados nos cursos da maior universidade brasileira são afrodescendentes. O número me surpreendeu.

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No debate, disse a ele que, nos três cursos que havia frequentado na USP, Farmácia e Bioquímica, Filosofia e Psicologia (esta envolvendo uma pós-graduação) só havia tido um colega negro. Uma mulher, aliás, no curso de Bioquímica, a Sonia, querida amiga. Aqueles eram os anos 70 e 80. Pensei que a situação tivesse melhorado, mas não.

O filme denuncia a recusa permanente da Universidade de São Paulo em aderir ao sistema de cotas. Perguntei se esse racismo era coisa da reitoria ou do governo, e ele me respondeu que era mais difuso e entranhado. Existe mesmo entre os alunos de alguns cursos mais concorridos. Consegue entrevistar uma moça negra que foi barrada na porta da Faculdade de Medicina...apesar de ser aluna matriculada na escola. O vestibular já é muito seletivo e, claro, privilegia os que tiveram cursos secundários melhores, bons cursinhos, tudo isso que envolve dinheiro. Enfim, a questão social mescla-se à questão racial.

Temos muito a caminhar no Brasil em direção a uma sociedade mais justa. Mas estamos dando passos para trás ao invés de progredir.

 

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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