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Cinema, cultura & afins

Opinião|Brasília, 41º ano

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Atualização:

Amigos, vou para Brasília acompanhar o festival de cinema da cidade, o mais tradicional do Brasil. Não quero adiantar muita coisa neste primeiro post, mas apenas dizer, como aliás já assinalei neste blog, que, antes mesmo de começar a competição, já existe uma polêmica latente - cinco dos seis longas concorrentes são documentários.

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Já houve alguma chiadeira de bastidores a respeito disso. Muita gente acha que o fato se deve à carência de obras de ficção, que teriam preferido outros festivais, como o do Rio, de Paulínia ou de Curitiba. Há quem já veja, no próprio espanto com a seleção, algum tipo de discriminação contra os documentários. "Se fossem cinco filmes de ficção e apenas um doc., ninguém estranharia". De fato. Mas também há quem se preocupe com a estrutura da premiação. Como dar prêmios de atriz, ator, atriz coadjvante, ator coadjuvante, direção de arte, etc, com apenas um filme de ficção em concurso? Ou, talvez dois, já que FilmeFobia, de Kiko Goifman, parece pertencer àquele "gênero" híbrido, de fronteiras indefinidas.

Bem, por enquanto apenas assinalo a polêmica em potencial. Não sei se vai dar em nada ou se vai render uma boa discussão, inclusive sobre a natureza contemporânea do documentário.

Em todo caso, lendo esse blog vocês saberão do que se passa no Festival de Brasília durante a próxima semana. Por enquanto, não posso dizer nada sobre os filmes, e essa é a parte boa. É muito estimulante, para um crítico de cinema, ir a um festival sem ter visto qualquer dos concorrentes. Tudo será novidade. No Brasil, a repetição de filmes, aves migratórias que passam de festival em festival, tornou-se regra. Ponto para Brasília, pelo menos nesse aspecto, com a preferência dada aos inéditos.

Preferência pelos inéditos sim, mas com lugar garantido para os clássicos. O festival começa com um fino biscoito: a cópia restaurada de São Bernardo, adaptação de Leon Hirszman do livro de Graciliano Ramos. Talvez seja a obra-prima de Hirszman, cineasta a ser redescoberto. Estou com muita vontade de rever esse grande filme em tela grande. Pelo que me lembro dele, não haverá decepção.

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Abaixo, a lista dos concorrentes, em 35 mm.

Longas-metragens em competição

À Margem do Lixo, de Evaldo Mocarzel (SP) FilmeFobia, de Kiko Goifman (SP) Ñande Guarani (Nós Guarani), de André Luiz da Cunha (DF) O Milagre de Santa Luiza, de Sergio Roizenblit (SP) Siri-Ará, de Rosemberg Cariry (CE) Tudo Isso me Parece um Sonho, de Geraldo Sarno (RJ)

Curtas-metragens em competição:

A arquitetura do corpo, de Marcos Pimentel, 21min, MG A Minha Maneira de Estar Sozinho, de Gustavo Galvão, 15min, DF A Mulher Biônica, de Armando Praça, 19min, CE Ana Beatriz, de Clarissa Cardoso, 9min, DF Brasília (Título Provisório), de J. Procópio, 15min, DF Cães, de Adler Paz e Moacyr Gramacho, 16min, BA Cidade Vazia, de Cássio Pereira dos Santos, 13min, DF Minami em Close-up, de Thiago Mendonça, 18min50, SP Na Madrugada, de Duda Gorter, 21min, RJ 1Nº 27, de Marcelo Lordello, 19min, PE Que Cavação É Essa?, de Estevão Garcia e Luís Rocha Melo, 19min, RJ Superbarroco, de Renata Pinheiro, 16min, PE PS: Que o título do post não leve a equívocos. Esta é a 41ª edição do festival, fundado em 1965, portanto há 43 anos. Ele está apenas na 41ª edição porque foi interrompido por dois anos durante a ditadura militar, por imposição da censura. Esta é a história do nosso país, meninos.

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Se quiser ler o texto do jornal, clique aqui

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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