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Opinião|Brasília 2021: Alice dos Anjos, musical infanto-juvenil e engajado

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Filmes infanto-juvenis não costumam ter espaço em mostras competitivas de festivais de cinema. Menos ainda se forem também musicais, como este Alice dos Anjos, de Daniel Leite Almeida. Foi o primeiro concorrente deste que é o 54º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. 

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Alice (Tiffanie Costa) é a garotinha que viaja com a mãe para visitar a avó doente. Como a personagem de Lewis Carroll, ela também se depara com seres extraordinários, como um bode preto falante e sempre apressado (Fernando Alves Pinto). Acaba caindo num buraco, passagem para um mundo ainda mais extraordinário. 

Nesse mundo às avessas, também existem os bons e os maus. Estes são liderados por um coronel que pretende instalar uma hidrelétrica na região, para prejuízo ecológico de todos. Há também a famosa rainha de Alice no País das Maravilhas, que manda cortar a cabeça de todo mundo, sem mais nem menos. A resistência é a de uma rainha cangaceira e seu grupo. 

Não se trata de um musical, stricto sensu. Alguns diálogos são cantados, outros não. Uma forma híbrida, digamos. A garotinha é um achado, desinibida e carismática. O filme é cheio de boas intenções, mas não chega a ser ingênuo. É uma história de aprendizagem, que mescla Lewis Carroll a Paulo Freire e ambienta-se no sertão nordestino. Alice aprende a ficar ao lado dos justos e a lutar. Aprende também a lidar com a ideia da morte. O elenco é bom e o filme, partindo de ideias claras e bem realizadas, revela-se inventivo. Dá mais do que promete a princípio. Pode ser visto até hoje (8/12) às 23h59, na plataforma https://play.innsaei.tv/play/eae6e61a-d3f8-4e01-8d69-b35592aaccab

O longa-metragem desta noite será LAVRA (MG)

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Direção: Lucas Bambozzi 

Ficção, 97 min, 2021, Minas Gerais

No Canal Brasil: exibição no dia 8 de dezembro, às 23h30.

Na Innsaei.TV: disponível dia 9 de dezembro, das 01h30 às 23h29 

CURTAS 

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Ocupagem, de Joel Pizzini. Revisita a Ocupação Nove de Julho, com o escritor Julián Fuks (que tem um livro sobre o tema), conversando com a líder Carmem Silva e sua filha, Preta Ferreira. Pizzini é um autor original e consistente (nem todos o são). Dá um tom particular à obra, inventiva do ponto de vista formal (enquadramentos da cidade, trilha de Lívio Tragtenberg, etc). Não deixa a forma engolir o conteúdo. Coloca uma a serviço do outro. Muito bom. 

Terra Nova, de Diego Bauer. Abril de 2020, em Manaus. Karoline, que é atriz, e sua irmã, perdem seus empregos e dirigem-se à Caixa Econômica para receber o Auxílio Emergencial. Deparam-se com filas enormes e a indiferença do funcionário que as atende. Um registro do cotidiano de milhões de brasileiros. Tom realista, numa ficção com vocação de documentário.  

Ambos disponíveis na InnSaei.TV entre 7 de dezembro (a partir de 22h30) e 8 de dezembro (até às 22h29)

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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