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Opinião|Borat, ou por que o politicamente incorreto faz rir?

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Fui ver agora à tarde Borat, anunciado como o filme mais politicamente incorreto dos últimos anos. E deve ser mesmo. O homem (criação do cômico inglês Sacha Baron Cohen) é um super-preconceituoso repórter do Cazaquistão, que vai aos Estados Unidos e lá se exercita descobrindo os preconceitos locais, tão execráveis quanto os seus próprios. O filme às vezes é inesperado e então se torna engraçado. Pena que freqüente demais o pastelão e aí então vira óbvio. Não vou dizer que não ri, seria mentira. Mas, no fim, me deu uma certa sensação de vazio, e não a alegria de alma que nos deixam as comédias realmente boas. Borat é anti-semita, machista, grosseiro. Por que nos divertimos com ele? Por que o politicamente incorreto nos diverte, mesmo quando feito de maneira tosca como em Borat? Nos custa tanto a repressão de instintos primitivos, como dizia mestre Freud, que desafogá-los, mesmo que seja por algum tempo e no escurinho do cinema, nos dá um certo alívio? Eis aí uma teoria, nem boa nem ruim. Uma teoria de botequim, e quem me conhece sabe que não digo isso no sentido pejorativo.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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