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Opinião|Boas atrações no festival francês

 

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
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O Meio do Horizonte, produção da Suíça Foto: Estadão

Tenho assistido a bons filmes no My French Film Festival - sei lá por que tem o nome em inglês, mas o cardápio é saboroso. Vi três. Não perdi meu tempo com nenhum deles. O foco da mostra, em 12ª edição, é o cinema jovem francófono. 

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Em Embarque, ou melhor, À l'abordage, de Guillaume Brac, um rapaz e uma garota começam a namorar numa festa na beira do Sena. No dia seguinte, ela sai de férias com a família. Ele fica com saudades e resolve fazer uma visita surpresa, com seu melhor amigo a tiracolo. O interessante, aqui, é o retrato de uma França multicultural e multirracial, em que os preconceitos existem e são expostos de maneira quase sutil. A coloquialidade, o diálogo amoroso à la Rohmer, a fluidez e despretensão do longa fazem seu encanto. Uma delícia de filme. 

O Céu de Alice, de Chloé Mazlo. Este é fantasia pura, e liberdade narrativa na história do amor entre um homem (Wajdi Mouawad) e uma mulher (Alba Rohrwacher) num Líbano a princípio idílico. Alternando a forma cinematográfica mais tradicional com animação e teatro, a diretora encena esse conto poético, romântico, mas que pode ser duro quando necessário. Isso porque logo o paraíso será transformado em inferno pela sangrenta guerra civil que dilacera o país. 

O suíço O Meio do Horizonte, de Delphine Lehericey, traz o cotidiano de uma fazenda, com a família enfrentando calor extremo e seca sem precedentes. E ainda tendo que segurar-se quando o casamento entre Laetitia Casta e Lúcio Bruchez começar a desmoronar. O filme é tão seco quanto o drama climático que descreve. Mas o incontrolável do desejo faz valer sua presença, ajudando a desestruturar a família. Tudo é visto pelo olhos do adolescente Gus, em seu despertar para a vida e o sexo. Nada tolo, o filme inclui em sua temática o aquecimento do planeta e dos corações, com a presença do homoerotismo, bastante incompreendido no vilarejo. 

As 30 produções do festival, entre longas e curtas-metragens, podem ser vistas, de forma gratuita, em várias plataformas como o Reserva Imovison (https://www.reservaimovision.com.br/), o Belas Artes a la Carte (https://www. belasartesalacarte.com.br), o Filmicca (https://www.filmicca.com.br) e no próprio site do festival (https://www.myfrenchfilmfestival.com/pt/ 

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Acréscimo: Recebi a informação de que O Céu de Alice e Embarque também estão disponíveis na plataforma MUBI.

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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