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Cinema, cultura & afins

Opinião|Bandoneón tocante

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Vi ontem, na repescagem da Mostra, um filme muito interessante e com momentos de grande emoção - O Último Bandoneón, de Alejandro Saderman. O diretor usa uma personagem, a instrumentista Marina Gayoto, para contar sua história do tango tradicional e sua função na Argentina de hoje. Marina sobrevive em Buenos Aires tocando seu velho instrumento pelas ruas e dentro de ônibus, onde pede uns trocados aos passageiros. Enquanto isso tenta se colocar na orquestra de Rodolfo Mederos, mestre que tocou com Astor Piazzola. O bandoneón que Marina está caindo aos pedaços e ela precisa arrumar outro. Mas a tarefa não é fácil, porque esse instrumento parou de ser fabricado há muito tempo e tem de ser garimpado como um raridade em leilões, em antigas lojas, em colecionadores, em antiquários. Essa linha de história é pretexto para Saderman reviver uma Argentina tradicional, a de Gardel, dos barrios, dos dançarinos. A Argentina profunda, civilizada, musical. Há uma cena em que os velhos bandeonistas se reúnem, que é de cortar o coração. Sente-se que naquela música está a vida daqueles velhinhos de mais de 80 anos. E que música, meu Deus! Belíssimo filme. A boa notícia: como a cópia estava legendada, deduzo que alguém já comprou os direitos do filme e que ele deverá chegar logo ao circuito comercial. Quando isso acontecer, prometo dar a maior força.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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