Os longas estrangeiros
Cochochi, bonito filme de Israel Cardenas e Laura Gusman, claramente inspirado no cinema iraniano. Trama simples e direção límpida para a história dos dois garotos que vão entregar um medicamento a mando do avô e resolvem levar um cavalo emprestado para enfrentar a viagem. Legal, no limite de um quase gênero que já teve dias melhores.
Mindelo, de Alexis Tsafas. O diretor é um grego que mora em Cabo Verde e se apaixonou pelo local. Fez um documentário também simples, que evoca a sensualidade e a vida simples na ilha. Dá vontade de ir lá. Como cinema, é plácido, agradável, sem arrancar suspiros.
O Mistério da Estrada de Sintra, de João Paixão da Costa. Boa idéia de envolver os escritores Eça de Queirós e Ramalho Ortigão numa trama policial. O diretor ficou preocupado ao notar que as pessoas não entendiam o idioma. Bem, filme português tem de ser legendado mesmo, não tem jeito. A trama é interessante, a feitura parece um bocado conservadora. Lembra aquele filme baseado em Jô Soares, O Xangô de Baker Street. Se me entendem...
Perro come Perro, de Carlos Moreno. Para mim, este filme colombiano era o melhor da competição de estrangeiros. Tem um lado de filme de gênero, mas consegue uma imersão bastante forte no mundo criminal de Cáli. Bem dirigido, bem interpretado, é também um ensaio sobre a cobiça e o poder destrutivo do dinheiro.
Por sus Propios Ojos, da argentina Liliana Paolinelli. Garota faz um trabalho documental com as mulheres de presos. Esposas, mães, amigas. Entra numa trip pessoal que não previa no início da filmagem. Aquela história do filme dentro do filme que, francamente, não se resolve muito bem, mas porque a diretora não parece ter intenção de se meter com metalinguagem. Não entendo muito bem o que o júri tanto viu neste concorrente.
