Narrado em tom de alegoria, Anjos da Revolução relata o encontro (áspero) entre duas culturas não comunicantes. Ilustra a dificuldade de imposição de valores revolucionários que se acreditavam universais a povos de outra mentalidade. E mostra quanto esse encontro de culturas, às vezes celebrado como estimulante de per si, pode também ter de sangrento e brutal. É um estudo radical da irredutibilidade do humano sob certas circunstâncias. Narrado com igual dose de radicalidade, o filme pode ser acusado de tudo, menos de banal. Encanta-se com a obra, com aquilo que ela traz de original, de ousado e belo. Mas deve-se admitir que não é nada fácil de seguir. Não se trata propriamente de um passeio cinematográfico, mas de uma excursão invernal para a qual deve-se armar de determinação.