Dia 18 o cinema paulista amanheceu muito triste com a notícia da morte de Aloysio Raulino. Nascido no Rio, em 1947, Raulino fez praticamente toda a sua carreira de cineasta e fotógrafo em São Paulo. Era requisitado pelo diretores e amado pelos amigos. Nos últimos dias fora visto sempre frequentando as sessões do festival de documentários É Tudo Verdade. Morreu de repente, de causa não divulgada.
Como diretor, Raulino assinou apenas um longa-metragem, o inquieto Noites Paraguaias, em 1982. Tem também um episódio em Vozes do Medo, projeto coordenado pelo cineasta Roberto Santos. É um ensaio vanguardista sobre o sufoco durante a ditadura militar. Raulino realizou vários curtas-metragens como Jardim Nova Bahia e O Tigre e a Gazela. Um documentário notável é Porto de Santos, em que o clima do cais é traduzido perfeitamente no registro fotográfico.
Foi como fotógrafo original e inspirado que teve seu nome marcado no cinema brasileiro. Sua assinatura se associa a alguns títulos fundamentais da filmografia recente, como Prisioneiro da Grade de Ferro, de Paulo Sacramento, e Serras da Desordem, de Andrea Tonacci.
Prisioneiro da Grade de Ferro é uma visão interna do Carandiru, com os próprios detentos operando a câmera em determinados momentos. De certa forma, é antítese e complemento à obra ficcional de Hector Babenco, esta baseada no livro de Dráuzio Varella. Serras da Desordem talvez seja o mais impressionante documento sobre a situação indígena no País.
O apuro técnico não o impedia de ser prolífico. Logo após sua morte, amigos e estudiosos puseram-se a fazer um balanço numérico do legado de Raulino. Chegou-se a um número ainda indefinido de mais de cem títulos entre longas, curtas e documentários. O Coração do Brasil, em cartaz, leva a sua assinatura. O ainda inédito Augustas, de Francisco César Filho também.
Sua morte prematura foi uma perda irreparável para o cinema brasileiro.