Morreu hoje o grande escritor uruguaio Eduardo Galeano, conhecido por seu polêmico livro As Veias Abertas da América Latina. Galeano tinha 74 anos e sofria de um câncer de pulmão. Faleceu em Montevidéu, sua cidade natal.
Galeano foi jornalista e autor prolífico, autor de vários livros como La Cancion de Nosotros, Dias y Noches de Amor y de Guerra, Memoria del Fuego, Las Caras y las Mascaras e El Siglo del Viento, entre outros.
Será lembrado, no entanto, por sua obra mais conhecida, As Veias Abertas da América Latina, misto de ensaio e história sobre a exploração econômica do continente. Galeano era homem de esquerda e, portanto, sempre foi combatido por quem entende que a exploração é um dado natural da vida e os fortes têm sempre razão.
Lembro de quando seu livro foi detonado no Brasil por críticos "inteligentes", jovenzinhos sem experiência de vida e ávidos por agradar o patrão. Tentando jogá-lo no ridículo, desqualificam sem qualquer fundamento suas análises para as raízes da pobreza e da opressão em nosso subcontinente. Inútil dizer que os críticos envelheceram, passaram e Veias Abertas continuou vendendo incontáveis edições e foi traduzido em vinte idiomas diferentes.
O meu Galeano favorito é o singelo Futebol ao Sol e à Sombra, aqui editado pela LP&M. É uma coletânea de pequenos ensaios sobre futebol, escritos em estilo caloroso e de pegada humanística. Galeano era um fã do futebol bem jogado e, uruguaio, rendia-se à mística da conquista do seu país em 1950 em pleno Maracanã. O artigo consagrado a Obdulio Varela, capitão da seleção uruguaia no "Maracanazo", é uma pequena obra-prima. Galeano escreve sobre Pelé, Garrincha, Maradona, Zico e tutti quanti. Gostava do artista da bola e abominava a política montada em torno do jogo, no que fazia muito bem.
Melhor ainda. Escrevia sobre futebol com classe, inteligência raras e calor humano. Seu estilo é despojado e primoroso. Ninguém consegue parar de ler. Se você ainda não conhece Galeano, comece por esse pequeno livro. Conselho de amigo.