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Opinião|À Sombra do Vulcão

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
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Acabo de rever À Sombra do Vulcão, talvez o mais dilacerado dos filmes de John Huston. E olha que esta é uma afirmação a ser pesada. Huston, beberrão, bon vivant, mulherengo, sabia ver o lado sombrio da vida. Aliás, esse lado parecia se impor ao seu temperamento.

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Aqui, ele adapta o livro de Malcolm Löwry, com Albert Finney no papel do ex-cônsul inglês Geoffrey Firmin, exilado num porre contínuo em Cuernavaca, no México. Sua mulher, Yvonne (Jacqueline Bisset), o deixou, mas está pronta para voltar. Aliás, implora para voltar. Mas Geoffrey é aquele tipo marcado pela maldição de Caim. Leva a morte consigo. E o drama do casal se desenvolve, como diz o título, à sombra de um soturno vulcão mexicano. Firmin se afunda mais e mais, enquanto Yvonne e Hugh Firmin (Anthony Andrews), meio irmão de Geoffrey, tentam salvá-lo de si mesmo.

O mundo mesmo não é um remanso de paz e está prestes a entrar em erupção. Daí a metáfora do vulcão. Estamos em 1938, véspera da 2ª Guerra Mundial. Geoffrey convive com espiões alemães vivendo no México, e Hugh acaba de voltar da Espanha, com a derrota dos republicanos nas costas. Ele lutara, do bon coté, e perdera para os fascistas. Tem lembranças do cerco de Madri. Obviamente está apaixonado por Yvonne, mas esta quer reatar com Geoffrey.

Com uma linda e expressiva fotografia de Gabriel Figueroa, o filme conta ainda com a atriz Katy Jurado e o cineasta Emilio Índio Fernandez em pequenos papéis. Filmaço, lançado em ótima cópia pela Versátil.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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