Também é claramente impossível olhar para a frente sem levar em conta o que acabou de ocorrer. Não à toa se diz que os campeonatos estaduais funcionam como "laboratórios" para disputas mais importantes. Às vezes penso que é apenas um clichê, que repetimos sem atentar para seu significado real. Chamamos de laboratório o Estadual apenas para indicar que ele não tem grande importância, pelo menos não a mesma de décadas passadas? Pois deveríamos levar a palavra ao pé da letra: é o campeonato no qual se experimentam coisas. O laboratório é o espaço do erro, e também onde se descobre o novo. Tem de ser assim. Sem a disposição de errar não se consegue inovar. Tivemos isso? Claro que não. Vimos o lançamento de jogadores jovens? Não. Assistimos a mudanças na armação tática dos times? Não. Buscamos uma fórmula de disputa mais interessante e sintética? Não e não. Desse modo, ficamos no plano puramente semântico, em que os Estaduais são chamados de laboratórios mas nos quais nada se experimenta.
Apesar de continuarmos a chamá-los assim, de laboratórios, os Estaduais são vistos como disputas como outras quaisquer, nas quais o importante é sagrar-se vencedor. Nesse sentido, o Corinthians, campeão de 2013, é um daqueles que não experimentaram nada. Comportou-se da forma como todos conhecem, com o jogo prático e consistente que lhe tem garantido títulos importantes. Deve continuar sua trajetória vitoriosa, a não ser que sofra muito com a janela de transferências. Arrisca-se a perder Paulinho, o que é grave, mas inicia o Brasileirão como o time a ser batido. Sua força é o conjunto, não os indivíduos, embora, claro, estes contem e muito. Já o Santos vive situação inversa. Não sabe se vai ou não ter Neymar, o que muda tudo. O time não engrenou, alguns contratados não se acertaram, muita coisa deve ser mudada. Muricy, em sua autocrítica, deveria pensar por que não conseguiu até agora encontrar um time. A falta de padrão tático é evidente. O Palmeiras deve encarar a sua rotina na Série B e o São Paulo, que no papel é um belo time, na prática também acabou no saldo devedor.
Na verdade, o grande tira-teima do Campeonato Brasileiro de 2013 será entre Corinthians e Atlético-MG, os únicos a fornecerem um contraste claro entre dois estilos de jogo. O Corinthians é sólido, mas só encanta Tite e a sua imensa torcida. O Atlético-MG é diferente. Faz ótima campanha na Libertadores, tornou-se campeão mineiro e é o único time brasileiro a despertar admiração pela maneira vistosa de jogar, mais do que pelos resultados. Cuca, até agora, conseguiu conciliar resultado e espetáculo, o que é o melhor dos mundos. Falta provar que esse estilo pode se impor ao pragmatismo sem sal do Corinthians. Falta ao Atlético um grande título, como o Brasileiro ou a Libertadores, de preferência os dois. Sem coroa, não há reinado.
Queiramos ou não, citemos ou não os grandes que nunca venceram, as conquistas são a insofismável prova dos noves do futebol.