Lemos muito, mas o que fica de sedimento? Eis a questão. Nunca pude esquecer algumas coisas que li escritas por Sábato. O Túnel, quem sabe sua obra mais famosa, e De Heróis e de Tumbas, sua obra-prima. Esse livro continua comigo. Continuará, sempre.
Sábato, que foi em muitos sentidos (mas não no pior deles) um escritor engajado, sabia imprimir na palavra a estranheza da realidade. Daí a sensação de vertigem que se tem ao ler De Heróis e de Tumbas, em especial a parte final, sobre uma misteriosa conspiração de cegos. Poderosa metáfora. Mas vai além da metáfora e nos toca em algum ponto recôndito do inconsciente. É leitura para toda a vida.
Enfim, muito haveria a se dizer sobre Sábato. Por enquanto, fico me perguntando quem terá sido maior: ele, Borges ou Cortázar?
Mas, penso agora, para que discutir essa trivialidade? Cada um, à sua maneira, provocou em nós esse estranhamento da realidade para que despertássemos um pouco do nosso sono e torpor e pudéssemos enxergar.