Luiz Zanin Oricchio
05 de janeiro de 2011 | 19h15
Como se sabe, surge um “gênio” a cada semana. Na música popular, na literatura, no cinema, no teatro. E, por conseqüência, a cada dia somos brindados com uma nova “obra-prima”, um divisor de águas para marcar época, um feito estupendo do engenho humano.
Como dizer que uma pessoa é muito boa no que faz não parece o suficiente, logo se diz que é genial, mesmo que caia no esquecimento com a mesma velocidade com que despontou para a glória temporária.
Da mesma forma, as atuais obras-primas parecem tão efêmeras como chuvas de verão.
Essas palavras enfeitam uma manchete de jornal e no dia seguinte já não valem mais nada. Desgastam-se como dinheiro sem lastro, numa espécie de inflação vernacular.
Outra bastante inflada é a palavra “crise”. Qualquer marolinha é uma crise, um verdadeiro tsunami que, em geral, se resolve por si só, quando o dia amanhece.
É dessa espécie, parece, a “primeira crise do governo Dilma”, com a mais do que previsível disputa por cargos.
Vamos respeitar as palavras? Pensar bem é dar o justo valor e peso a cada uma delas.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.