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Uma geléia geral a partir do cinema

Zodíaco (3)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Citei, no post anterior, os dois filmes de Richard Fleischer sobre assassinos seriais, mas, no fundo, O Homem Que Odiavas as Mulheres e O Estrangulador de Rillington Place são tão diferentes entre si quanto Seven - Os Sete Crimes Capitais e Zodíaco. Fleischer já investigara mentes criminosas em seus filmes na Fox, no fim dos anos 50 - O Escândalo do Século (The Girl in the Red Velvet swing) e Estranha Compulsão, baseado na mesma dupla de perasonagens reais (Leopold-Loeb) que inspirou Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, dez anos antes. No Homem, Fleischer investiga a compulsão que leva De Salvo (Tony Curtis) a matar, mas o que lhe interessa é a caçada do procurador (Henry Fonda). No final, quando Fonda leva Curtis ao limite e provoca a implosão da mente de De Salvo, reduzindo-o a uma vida vegetativa, fica claro que o objetivo do diretor, bem no espírito dos anos 60, era fazer a crítica às instituições e ao poder. Considerando-se que, na obra de Fleischer, ao Homem se segue Che (Causa Perdida), o que ele talvez pretendesse fosse radicalizar a crítica ao poder, daí a adoção de um personagem revolucionário. Nunca sabemos como seria o Che ideal de Fleischer porque o estúdio, a Fox, remontou o material do jeito que quis. Sabemos como é O Homem Que Odiava as Mulheres. A força crítica não é tudo na história do estrangulador de Boston. Fleischer incorporou pesquisas de tempo e espaço de Alain Resnais em Hiroshima, Meu Amor e ainda dividiu a tela em quadros, criando várias ações simultâneas, o que era forma de investigar a linguagem como David Fincher fez em Seven, por exemplo. O Estrangulador de Rillington Place, sobre outro assassino em série, na Inglaterra, era mais direto, mais semidocumentário - como Zodíaco. A maior diferença entre Fleischer e Fincher é que, nos filmes do primeiro, os serial killers são identificados e de alguma forma punidos (o que o cineasta critica especialmente no estrangulador de Boston, que de criminoso passa a vítima do sistema). Nos de Fincher, o assassino de Seven é identificado e morto, mas na própria morte está o seu triunfo, enquanto o caso do Zodíaco permanece aberto, sem solução. Interessantes pontos para se levar em conta, não?

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