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Uma geléia geral a partir do cinema

Vale a pena, sim

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Érica me corrige, no post sobre 'Mamma Mia'e eu realmente havia ficado em dúvida, se a música do ABBA era era 'Queen' ou 'Queens'. É singular, 'Dancing Queen' e sim, o filme vale a pena, nem que seja por Meryl Streep. Não, não vou ser cínico e dizer que é só por ela porque gostei de duas cenas e isso já foi lucro, num filme em que não acreditava muito. Numa delas, em plena despedida de solteira das garotas, Donna, a personagem de Meryl, e as Dínamos se apresentam para as amigas da noiva, cria-se um pandemônio, as mulheres ficam todas excitadas e os amigos do noivo invadem a festa usando máscaras de sátiros, numa erupção de musicalidade (e sensualidade) que me fascinou. A outra confesso que foi uma remissão. Meu amigo Hélio Nascimento, grande crítico de Porto Alegre, um dos caras que mais entendem sobre música - inclusive, erudita - no mundo, nunca teve muito apreço pela adaptação que Norman Jewison fez do musical 'Um Violinista no Telhado'. Hélio sempre achou que, naquele dilaceramento de Tevye, o leiteiro, vendo as filhas se casarem e irem se distanciando da tradição, havia muito de conservadorismo e racismo, mas eu nunca entendi assim e voltei a pensar no assunto, no fim de semanas, depois de assistir a 'A Alma Imoral', no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, espetáculo que me encantou - e recomendo - e onde também se fala de tradição e traição, de obediência e transgressão. Mas tem aquela cena de 'Um Violinista no Telhado' em que Tevye canta 'Is this the little girl...?' Sua caçula está se casando e ele vai meio que se despedindo da garota que vai virar mulher, lembrando-se de todas as fases da vida dela, enquanto pai. 'Mamma Mia' faz isso na perspectiva da mãe, quando a garota, indecisa entre seus três presumíveis pais, pede à mãe que a prepare para o casamento e a leve ao altar. Meryl olha para a sua menina e canta, como Tevye, alguma coisa muito piegas sobre a menininha que portava mochilinha na escola etc. Aquilo me tocou muito - e ainda era Meryl Streep cantando, a mulher que há 20 e tantos anos fez a escolha de Sofia. Sim, vale a pena, por Meryl, e não só por ela.

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