Luiz Carlos Merten
05 de novembro de 2012 | 19h05
Estou na redação do ‘Estado’, saindo para jantar e tentar assistir à estreias de sexta que ainda não vi – ‘Frankweenie’ e ‘Magic Mike’. Mas me chega agora a notícia de que morreu Leonardo Fávio. Leonardo quem? Ator de Leopoldo Torre Nilsson e Manuel Antín, cantor e compositor, Leonardo começou a dirigir em 1960. Fez filmes míticos do cinema da Argentina, como ‘Crónica de Un Niño Solo’, ‘El Romance del Aniceto y la Francisca’ e ‘Gattica, el Mono’, obra de ficção em que acompanha, com extremo realismo, a trajetória de um boxeador, na derrota e na vitória. O espectador brasileiro não tem elementos para avaliar sua importância, pois aqui ele foi sempre pouco conhecido. Lá, talvez tenha sido, no cinema, o que Maradona representa no futebol. Uma paixão nacional. Um espelho no qual o homem argentino gostava de se mirar. Uma enquete realizada em 2000 apontou ‘Crónica’ como o melhor filme argentino de todos os tempos. Se manteria hoje no topo? Não sei, mas é pouco provável que Leonardo Fávio deixasse de ser um dos dez mais da história do cinema na Argentina. Foi um peronista radical. Expressou-o num documentário de 6 horas que fez em 1999 – ‘Perón, Sinfonia del Sentimiento’. Que tenha sobrevivido à sanha dos militares do país ajuda a entender como se tornou intocável no coração de seu povo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.