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Uma geléia geral a partir do cinema

'Tulpan'

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Tive uma manhã agitada, com médico, horário na rádio e os textos no jornal - filmes na TV e Mostra -, o que me impediu de dar notícias antes. A primeiras sessões da 32ª Mostra já começaram em vários pontos de exibições, e eu nem dei algumas dicas que considero essenciais. Repassando meus textos na edição de hoje do 'Caderno 2', acho que nenhum filme tem tanto a cara do evento quanto 'Tulpan', do cineasta do Cazaquistão Sergei Dvortsevoy. Anos atrás, a gente brincava - ironizava? - que Leon Cakoff ia aos confins do mundo para buscar aqueles filmes do Irã, do Curdistão, da Geórgia, etc, que revelavam uma espécie de neo-realismo tardio na exposição de mundos que resistiam à desumanização da vida moderna. Quando vi 'Tulpan' em Cannes - o filme fora premiado na mostra Un Certain Regard e eu consegui trocar algumas palavras com o diretor -, pensei comigo que tinha a cara da Mostra. Não me surpreende que Leon o tenha colocado logo no primeiro dia, como uma reafirmação de princípios, para deixar claro que a Mostra evolui, está mais diversa - e aberta para o cinemão -, mas o antigo recorte não foi abandonado. Achei o filme lindo. O herói é esse marinheiro que volta para casa, nas estepes do Cazaquistão, onde a irmã e o cunhado levam uma vida nômade, como pastores de ovelhas. Ele pensa em se estabelecer e escolhe uma noiva, mas ela o rejeita porque tem as orelhas grandes demais. Todas as tentativas de aproximação e a experiência do rapaz neste mundo que se tornou estranho para ele, culminando no parto da ovelha, que ele é obrigado a fazer, me pareceu uma coisa muito emocionante. Ponham aí na lista de vocês - 'Tulpan'. Vão me agradecer, espero.

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