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Uma geléia geral a partir do cinema

Sundays and Cybelle

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Onde andará Serge Bourguignon? Serge quem? Em 1962, no ano em que Lawrence da Arábia, de David Lean, venceu os Oscars de filme e direção, ele venceu o prêmio da Academia para o melhor filme estrangeiro por Sundays and Cybelle. No original, o filme chamava-se Les Dimanches de Ville-d'Avray e no Brasil ficou sendo Sempre aos Domingos. Em plena nouvelle-vague, o sucesso de público ultrajou os críticos e todo mundo caiu matando na linguagem falsamente poética - era o que se dizia - com que Bourguignon contava a história de um amnésico e uma garotinha. Na sequência, cooptado por Hollywood, o diretor fez um faroeste - The Reward/Viagem para a Morte -, que foi remontado pelo estúdio, a Fox, e cujo fracasso foi saboreado como a confirmação de que Sempre aos Domingos havia sido um equívoco. Passaram-se mais de 50 anos e, na minha breve passagem por Paris, após a junket de O Hobbit -A Batalha dos Cinco Exércitos, em Londres, descobri que o filme de Bourguignon estava voltando ao cartaz , numa versão restaurada. Espero que se mantenha até minha volta a Paris, antes ou depois - espero que antes e depois - do Festival de Berlim,. em fevereiro. Lembro-me que vi Sempre aos Domingos, na época, no cine Guarani, na Praça da Alfândega, em Porto. Fiquei desconcertado. Hardy Kruger, Nicole Courcel, Patricia Gozzi. Ele faz um piloto traumatizado porque bombardeou uma vila na Indochina. Matou crianças, comprovadamente uma menina. E agora sente-se responsável por essa outra menina, abandonada pelo pai num colégio interno, e que reencontra todo domingo. Ao redor, todos acham a relação estranha, como se tivesse um componente de sexo - abuso infantil? Tenho acompanhado à distância as reações, e muita gente afirma que se trata de uma obra-prima. Será? Me encantam essas mudanças de atitude da crítica em relação a certas obras. Sempre aos Domingos estava adiante do seu tempo? É o que espero verificar, ou não, em Paris, em fevereiro.

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