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Uma geléia geral a partir do cinema

Sokúrov nota 10

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Na entrevista com o Alberto Serra, fiquei ouvindo o diretor de Honor de Cavalleria, que amei, elogiar o Sokúrov, que é um dos autores preferidos dele (com o Kiarostami). Tenho uma relação meio ambivalente com o Sokúrov. Não consigo levar a sério A Arca Russa. Para mim, o plano-seqüência do Sokúrov, mais do que pelo virtuosismo técnico, me impressiona pelo reacionarismo. Eisenstein criou toda uma teoria da montagem, que colocou a serviço de um projeto revolucionário. Sokúrov nega a montagem porque nega a revolução. O negócio dele é a Rússia eterna. Feita a ressalva, e eu não entendo como se pode gostar de coisas excludentes como O Encouraçado Potemkin e Arca Russa, quero dizer que achei O Sol o melhor filme dele. Devo ter dormido no ponto, porque nem sabia que estava na Mostra, vejam só. Fui ontem ao Unibanco, encontrei o Tonacci (Andrea Tonacci, diretor de Serras da Desordem), conversamos, perguntei o que ele ia ver e ele respondeu - Sokúrov. Ah, sim. Fui lá na bilheteria perguntar qual Sokúrov. Caí duro ao saber que era O Sol. De novo não dá para levar muito a sério a política (ou a ideologia) do Sokúrov, os seus retratos de déspotas - Hitler, em Moloch; Lenin, em Taurus; e agora Hirohito. Mas a estética de O Sol, sobre o imperador japonês que teve de admitir que era mortal e foi levado a um tribunal de guerra pelos americanos, no fim da 2ª Guerra, me deixou siderado. Nota 10.

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