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Uma geléia geral a partir do cinema

Sobrevivendo...

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Juntei dois procedimentos hospitalares nos últimos dias. Internei-me no sábado para extirpar um cisto sebáceo, operação que se revelou um pouco mais complicada que o esperado, e hoje fiz uma colonoscopia, exame sempre desagradável e que exige pelo menos dois dias de preparação. Não tenho conseguido dar conta de minhas atividades, ou melhor, para dar conta de minhas atividades - projeções, entrevistas etc -, tenho negligenciado o blog. Vi/revi diversos filmes nos últimos dias - Dívida de Honra, de Tommy Lee Jones, que no automático sai sempre Dívida de Sangue e tenho de corrigir; O Amor é Estranho, de Ira Sachs, lindo- lindo e com aquela trilha dilacerante com o piano de Chopin; e finalmente O Último Ato, que Barry Levinson adaptou de Philip Roth, A Humilhação, com Al Pacino num papel talhado/formatado para ele. Ao contrário dos filmes de  Tommy Lee Jones e Ira Sachs, que me tocaram, fiquei frio diante do de Barry Levinson, mesmo reconhecendo certas qualidades. O problema é que havia dado o livro a meu amigo Dib Carneiro e ele, com seu entusiasmo pelo teatro, me falava com encantamento do texto. Eu próprio dei uma folheada e terminei lendo certas partes. Ao contrário da fidelidade com liberdade de Tommy Lee e Paul Thomas Anderson, que adaptou Vício Inerente, de Thomas Pynchon, Levinson adquiriu os direitos do livro de Roth acho que para ter o nome dos personagens e poder utilizar a ideia do ator em crise que se isola e tem um affaire com a garota mais jovem, filha de uma de suas antigas leading ladies. Tudo o que Levinson e seus roteiristas mudaram no livro de Roth foi sempre para pior. Dib não se conformou, eu não me conformei, e fiquei pensando como terá sido a recepção no Festival de Veneza do ano passado, já que O Último Ato tem similaridades óbvias com outro filme apresentado no Lido e que ganhou o Oscar deste ano - o Birdman de Alejandro Fonzález-Iñárritu. Não gostei muito de O Último Ato, mas confesso que gosto menos ainda de Birdman, e não é por nenhuma pirraça contra Iñárritu, porque sempre achei interessantes algumas, senão todas suas tramas multiplots, como espelhos do mundo globalizado em que vivemos. Mas essas coisas me desconcertam. Cinema é uma coisa, literatura é outra, sei disso, mas certas escolhas são tão arbitrárias e discutíveis que me pareceram.... Infantis? Será a palavra? Estou retomando o pé, na vida como no blog. Me aguardem que estou voltando.

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