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Uma geléia geral a partir do cinema

Sinal de vida

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

PARIS - Cheguei sábado à noite e já corri para ver meu primeiro filme. Não havia conseguido comprar o 'Pariscope' e, no instinto, fui à Filmoteca do Quartier Latin, na certeza de que lá sempre haveria alguma coisa para ver. E havia - numa sala, 'Fallen Agel', um noir de Otto Preminger, refazendo parte da equipe do cult 'Laura' - o ator Dana Andrews, o fotógrafo Joseph LaShelle e o músico David Raksin; e na outra, 'Vinhas da Ira', de John Ford, adaptado de John Steinbeck, com Henry Fonda e Jane Darwell. Nunca havia visto o clássico de Ford nos cinemas e não resisti. Deixei para ver Preminger no domingo, o que fiz ontem. Meu domingo foi bem agitado. Missa de órgão em Notre Dame, pela manhã; tinha matérias para enviar para o 'Caderno 2' e, à tarde, fui ver 'Olhos Azuis', de José Joffily, no Festival do Cinema Brasileiro de Paris. Encontrei o próprio Joffily. Disse que seu filme me impressionou, mesmo não tendo gostado de uma cena chave, um diálogo que leva a uma explosão de violência e o encaminhamento da cena não me convenceu, mas, de resto, o filme me perturbou e eu vou ter de explicar depois, mas antes preciso decantar mais. Emendei o Jofilly com a exposição de Takeshi Kitano na Fundação Cartier - 'Gosse de Peintre' é uma das coisas mais lúdicas que vi ultimamente. Havia uma criançada enorme curtindo as fantasias do Beat Kitano, porque, a par das pinturas, a mostra tem filmes, marionetes e é cheia de objetos de arte/brinquedos para o público interagir. Tem uma série muito interessante chamada 'Probabilidades'. O encaixe de uma porca num parafuso é deixado ao sabor das vibrações de uma mesa e a possibilidade de que isso ocorra é a mesma de que poderia haver vida na Terra, por aí afora. O público infantil adora. AS pinturas são meio fauves, com direito a uma tela que recria Pollock. Saí dessa  exposição para outra, 'Du Greco à Dali, Les Grand Maitres Espagnols de La Collection Pérez Simon', uma coisa maravilhosa de deixar a gente sem fala, pela sucessão de obras-primas (50!). Jantei e arrematei meu domingo com o noir de Preminger. Permaneço em Paris hoje e amanhã sigo para Cannes, onde começa quarta o festival. Há tanta coisa para ver/fazer, aqui. Difícil é escolher. Estou cinco horas à frente. Daqui a pouco, posto mais.

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