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Uma geléia geral a partir do cinema

Semana dos Realizadores, lá vou eu!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estou indo daqui a pouco para o aeroporto. Rio! A Semana dos Realizadores! É um dos meus eventos preferidos de cinemas no País. A Semana é pobrinha, este ano está sendo feita com uma miséria de dinheiro, mas, com Tiradentes, é a vitrine do cinema autoral, independente, brasileiro. Pergunto sempre ao Dan por que a Semana não vem para São Paulo, e a resposta é a mesma. Falta verba. Alô Sesc? Alô Danilo? Não sei se a Semana, com seu perfil exigente, atrairia público em São Paulo. Existem filmes que me encantam, nos quais ponho a maior fé, e que são vistos por uma miséria de gente. Mas, enfim, vamos à Semana. Eu vou. Não fico durante toda a duração - volto na segunda -, mas escolhi justamente esse recorte, os primeiros dias, porque abrigam o Arábia, melhor filme da Mostra para mim, que vou ver hoje à noite em presença dos diretores - Affonso Uchoa estava no exterior e João Dumans já havia ido embora na sessão a que fui -, o novo filme de Adirley Queiróz, Era Uma Vez Brasília, e o Baronesa, da Juliana Antunes, que venceu a Mostra Aurora (e também já vi, mas vou rever). O melhor do cinema brasileiro de invenção, e o que mais vier será lucro. Quero aproveitar para dizer que revi ontem Edward II - Luiz Zanin e Maria do Rosário Caetano estavam no Cinesesc - e foi uma descoberta. Havia visto o filme em Veneza, há mais de 20 anos - 1993, e não 91 -, e até entrevistei Derek Jarman e a jovem Tilda Swinton, que foi melhor atriz no festival, mas não me lembrava daquela riqueza toda. É o filme mais queer que já vi. E é chiquérrimo, com direito a Annie Lenox cantando a despedida do rei e seu amante e a Tilda vestida por Sandy Powell, que ganhou quantas vezes vezes o Oscar? Três, quatro? Quantas tiverem sido, faltou mais uma pelo Jarman. Vi também, e amei, o Borg Vs. McEnroe, de Janus Metz, sobre o qual ainda não consegui escrever no Estado, mas que me pareceu um dos melhores filmes de esportes - ever - e olhem que eu nem me ligo em tênis. Shia Labeouf nunca esteve melhor e Sverrir Gudnason, que faz Borg, é quase tão misterioso como Henry Cavill. Frio como gelo, o personagem é consumido por um vulcão interior. Ele contém o que McEnroe/Labeouf exterioriza, um embate que talvez tenha algo da rivalidade entre os pilotos de Rush - No Limite da Emoção, de Ron Howard, outro grande filme de esportes, e olhem que também não ligo a mínima para a Fórmula Um - só gosto no cinema, Grand Prix, de John Frankenheimer. Borg e McEnroe, James Hunt e Niki Lauda, Chris Hemsworth e Daniel Breuhl, o cinema é uma coisa maravilhosa e se as histórias não tiverem sido como contam esses filmes, a ficção é melhor que a realidade. Esqueço de acrescentar que Stellan Skarsgaard é minha aposta no Oscar de coadjuvante, como treinador de Bord. Que que é aquilo? E ainda preciso acrescentar que estou louco para ver Victoria e Abdul, que estreia nesta quinta, 16. Tenho ouvido falar horrores do filme de Stephen Frears, e daí? Perdi no Festival do Rio, perdi a cabine. Agora, em cartaz, te pego, danado.

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