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Uma geléia geral a partir do cinema

Rio!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Olá! Cá estou eu de volta. Passei os dois últimos dias no Rio. Fui quarta, para uma visita ao set de 'Bonitinha, mas Ordinária', que Moacyr Góes está adaptando de Nelson Rodrigues, com produção de Diler Trindade. Vi a filmagem de uma cena ótima, aquela em que Edgar faz sua primeira aproximação de Ritinha, a amada que usa a fachada de professora primária para encobrir a atividade de prostituta, como ele vai descobrir mais tarde. Edgar é João Miguel, Leandra Leal é Ritinha. Dava gosto vê-los ensaiasndo e, depois, filmando. Moacyr filmou num único plano-seqüência - um master, como eles chamam - que seria arrojadíssimo, se ele o mantivesse. Câmera na mão, atores fortes. Mas eu vi o Moacyr fazendo planos de cobertura que poderão ser usados como inserts. Vamos ver o que vai sair. Fiquei até o meio da tarde no set em Laranjeiras e depois fui para outras atividades, incluindo outras entrevistas. À noite, assisti à estréia carioca de 'Salmo 91', que Dib Carneiro Neto adaptou do livro 'Estação Carandiru', de Drauzio Varella. Gostei ainda mais, se isto é possível. O texto é brilhante - e está indicado para o prêmio Shell, na terça-feira -, mas o espetáculo não seria tão bom se não tivesse 'aquela' direção de Gabriel Villela e 'aqueles' atores. A casa, o Teatro Poeira, de Marieta Severo e Andréa Beltrão, quase veio abaixo quando Rodolfo Vaz fez a dublagem de Gal Costa em 'Índia', mas eu tenho de confessar que me amarro no monólogo do Rodrigo Fregnan, como o Nego Preto. As lágrimas daquele pai fodão que vai reencontrar o filho - a terceira geração da família no Carandiru - me toca de um jeito que não consigo me controlar. É o tema da paternidade que me fragiliza, tenho de admitir. Aliás, embora este seja um blog de idéias a partir do cinema, volta e meia falo de teatro, mesmo que, quando o assunto seja esse, os comentários de vocês fiquem parcos (senão inexistentes). Mas eu quero dizer que gostei muito da montagem de Eduardo Tolentino, do Tapa, para 'A Moratória', de Jorge de Andrade. Que texto! Aquilo é Chekhov. Um programão que vale conferir no Sesc Anchieta, no teatro do Antunes, ali na Rua Dr. Villanova. De volta ao 'Salmo', até hoje não sei como aqueles cinco atores que fazem os dez monólogos não têm correndo atrás deles todos os produtores e diretores do teatro, do cinema e da TV do País. São geniais, e a preferência continua recaindo sobre os mesmos, às vezes cansados de guerra.

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