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Uma geléia geral a partir do cinema

Ratatouille

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Não é segredo para ninguém que não gostei de Shrek Terceiro. Pois bem! Fui ver ontem à tarde Ratatouille. Adorei o novo desenho da Pixar! É muito legal. Tem todas aquelas mensagens - a defesa da diferença, a necessdade de auto-aceitação - que os autores de filmes para crianças gostam de passar, mas a conversa sobre gastronomia, o ratinho de esgoto que tem um paladar refinado e quer ser chef, é muito rica e coloca temas de deixar adulto quebrando cabeça. O que mais gostei foi do crítico, o irascível crítico de gastronomia, que se dedica a destruir a máxima do chef anterior do restaurante, a de que todo mundo pode cozinhar. Ele chega à conclusão de que nem todo mundo pode ser um grande cozinheiro, mas um grande cozinheiro pode vir não importa de onde. Parece banal, não é? Mas quem dubla o crítico é Peter O'Toole, num trabalho prodigioso. E o filme tem a cena que nunca vi numa animação nem em filme live action. O crítico não pede um prato, pede para ser surpreendido. O ratinho faz uma ratatouille (é feminino, não?), o que parece suicídio, pois é um prato camponês. O crítico leva o garfo à boca e... Esperem para ver. Nem o banquete de Babette construir na tela, daquela maneira, o que pode haver de sublime no ato de comer. Já que a ação se passa na França, em Paris, o diretor, ou os diretores - não tenho nenhuma ficha comigo -, devem ter-se lembrado de Proust, Em Busca do Tempo Perdido. É maravilhoso. Não tenho a mínima vergonha de dizer que as lágrimas me vieram. Não adiantava nem querer contê-las. Elas escorriam, fazer o quê? É outra animação da Pixar, da qual amo especialmente Procurando Nemo, que é uma história de pai, afinal de contas.

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