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Uma geléia geral a partir do cinema

Quero falar de uma coisa, e é sobre o melhor da juventude (e de mim)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Fui pela manhã ao jornal e escrevi o texto sobre A Melhor Juventude que estará na edição de amanhã - daqui a pouco - do Caderno 2. Marco Tullio Giordana e sua reflexão sobre 40 anos de história da Itália, dos anos 1960 aos 2000, por meio da relação entre dois irmãos, Nicola e Matteo. Interpretado por Luigi Lo Cascio, Nicola estuda medicina, torna-se psiquiatra, luta pelas boas causas. Como a cabeça da gente é complicada - apesar de tudo isso, identifiquei-me muito mais com Matteo, o matto. Matteo vira policial, agente da repressão. Belo, o ator Alessio Boni, e atormentado. Na hora de fazer um título para o jornal, pensei comigo que teria de sair de Coração de Estudante. Cheguei a pensar em Juventude e fé, mas optei pelo Renova-se a esperança. Às 6 da tarde fui rever o filme, a primeira parte, no Itaú Augusta. Tudo o que gostaria é de ter emendado a segunda. Na saída, encontrei Cláudio Fontana e Elias Andreato, que iam ver Parasita. Foi como viajar no tempo, a outra era da minha vida. Emocionei-me muito com La Meglio Gioventù, mas nada que poderia escrever aqui conseguiria superar a poesia e musicalidade de Milton Nascimento e Wagner Tiso. Quero falar de uma coisa Adivinha onde ela anda Deve estar dentro do peito Ou caminha pelo ar Pode estar aqui do lado Bem mais perto que pensamos A folha da juventude É o nome certo desse amor Já podaram seus momentos Desviaram seu destino Seu sorriso de menino Quantas vezes se escondeu Mas renova-se a esperança Nova aurora a cada dia E há que se cuidar do broto Pra que a vida nos dê Flor, flor e fruto Coração de estudante Há que se cuidar da vida Há que se cuidar do mundo Tomar conta da amizade Alegria e muito sonho Espalhados no caminho Verdes, planta e sentimento Folhas, coração Juventude e fé Não creio que seja melhor que ninguém - profissionalmente, sim -, mas, batendo nos 75 anos, a única coisa que espero é continuar mantendo esse coração de estudante. Lealdade, acima de tudo. Prefiro ser enganado a enganar. Nada disso que estou escrevendo deve fazer sentido para ninguém, exceto a mim. Nunca soube me cuidar da vida, nem do mundo, mas agora, nesse momento, escrevendo e ouvindo o Milton cantar, a sensação é de paz. A vida sempre vale a pena, nem que seja por essas epifanias.

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