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Uma geléia geral a partir do cinema

Quem sabe?

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Acho que comentei com vocês que, naquela Cahiers de junho, que comprei na banca do Conjunto Nacional, havia uma entrevista com a dupla Noah Baumbach e greta Gerwig, de Frances Ha. Havia visto o filme, sem me empolgar muito. Um pouco como os jovens de Bling Ring, de Sofia Coppola, os de France Ha me interessaram como sintomas de um certo comportamento da juventude, mas não tive nenhuma empatia por eles, ou com eles (em nenhum dos casos). Não concordei muito que o filme seria, ou é, um retorno à nouvelle vague, mas citei o caso de Frances Ha durante o debate  com Laura Carvalho no MIS, sobre o movimento que sacudiu (revolucionou?) os alicerces do cinema francês no fim dos anos 1950. Alguns críticos andaram vendo em Frances Ha um retorno à nova onda. Tenho minhas dúvidas. Um diretor caracteristicamente nouvelle vague, em 2013, é o Christophe Honoré. Mas fiz uma descoberta interessante lendo a entrevista de Nah e Greta. São casados na vida. Ele é filho de um crítico de cinema, teve lições de nouvelle vague em casa e aprendeu, com papai, a deglutir um certo Jean-Luc. (A mãe era crítica de música, o que talvez também explique o David Bowie da trilha, como é mesmo, Modern Love?). Do ponto de vista Noah Baumbach, a heroína comporta-se, em cena, como a de Le Rayon Vert, de Eric Rohmer, que dificulta a vida de todo o mundo ao redor, mas termina alcançando seus objetivos. Eu confesso que não conseguia ver a nouvelle vague no filme, mas via o Mike Leigh, com suas improvisações e seu realismo social. Agora é fácil dizer isso, admito, mas eis que, na entrevista de Cahiers, Greta Gerwig, que também é roteirista, diz que sua referência foi a Lesley Manville de Another Year, de Leigh (claro!). Fiquei nas nuvens e acho que vou até triver Frances Ha. Já vi duas vezes e não entrei no clima. Quem sabe com o Mike Leigh de Another Year como farol, e eu gosto muito do filme, desta vez consiga?

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