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Uma geléia geral a partir do cinema

Preparador de elenco ou não, eis a questão

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

RECIFE - Já estava saindo para almoçar, mas voltei correndo para acrescentar este post. Falei do trabalho, que me parece excepcional, de Júlio Andrade e Tainá Muller e acrescento que Beto Brant e Renato Ciasca não trabalharam com preparador de elenco em Cão sem Dono. A preparação do Júlio foi feita de uma maneira sui-generis. A produção o instalou no apartamento que seria a principal locação um mês antes do início das filmagens. Júlio passou a morar no local. Com a assessoria do diretor de arte, deu ao apê a cara dele, colocando móveis, objetos. Às vezes, como conta, acordava e a iluminação estava sendo montada, tudo muito verdadeiro, muito real para ele. Houve ontem um debate muito interessante sobre o atual boom de preparadores de elenco no cinema brasileiro. Philippe Barcinski trabalhou com Sérgio Pena em Não por Acaso. Leonardo Medeiros diz que não precisa de preparador de elenco e que quem precisa é a Rita Batata, que faz sua filha e não tem experiência. Vou chutar. Talvez não seja exato - ele termina precisando, mesmo que inconscientemente, para ficar no movimento dela. De qualquer maneira, será sempre a relação do ator com o diretor que vai definir o resultado. Se o diretor não sabe o que quer, mesmo o ator mais preparado pode se quebrar. Rodrigo Santoro elogiou o método de Sérgio Pena, o único preparador com quem já trabalhou (no Bicho de Sete Cabeças, em Carandiru e, agora, Não por Acaso). Com o Sérgio, Rodrigo andava solto por São Paulo, comendo prato-feito, misturando-se com pessoas comuns (como seu personagem). Ninguém o identificava como o Rodrigo da televisão e do cinema. Ele passou a ser mais um na multidão. Foi um trabalho que se vê na tela. Um elenco de, digamos, astros e estrelas do cinema brasileiro (Rodrigo, Leonardo, Letícia Sabatella). Do outro lado, um elenco também excepcional, formado por desconhecidos (ou quase...) em Cão sem Dono. Sei não, voltei para dizer que me bateu uma vontade. Organizar, para a APCA, Associação Paulista dos Críticos de Arte, cujo quadro integro, um debate sobre esses dois filmes, discutindo justamente uma diferença de método, ou processo, que é fundamental. Preparar ou não preparar elenco, eis a questão. Estou aqui registrando os direitos autorais do debate (brincadeirinha...), antes que outros o façam.

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