Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Pode-se não gostar de 'Milk'?

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

LIBOA - Acabo de assistir a 'Milk', de Gus Van Sant, que estreou hoje em Portugal. Confesso que fiquei meio desconcertado. Já nem sei o que pensar do diretor. É o cara mais ciclotímico do cinema atual. Van Sant alterna filmes anti-hollywoodianos, experimentais, desconstruídos - dêem-lhes os nomes que quiserem - com outros de um classicismo no limite do acadêmico. Quando não está reinventando a linguagem, está clonando Hitchcock - 'Psicose' - ou seguindo regras elementares da academia. Confesso que gostava mais dele nos tempos de 'Drugstore Cowboy' e 'Garotos de Programa'. Essa fase de queridinho de 'Cahiers' não me convence muito. 'The Last Days' e 'Paranoid Park', obrigado, dispenso. Gosto menos, ainda, dos filmes que o candidatam ao Oscar - 'Gênio Indomável', 'Procurando Forrester' e, agora, 'Milk'. A história do ativista gay é contada de uma forma que me pareceu muito, como direi?, tradicional. Embora o formato seja de flash-back, logo após o assassinato, o relato na primeira pessoa, pelo próprio Milk, que está deixando seu testemunho, resulta numa visão muito parcial. Não quero dizer com isso que quisesse um filme mais imparcial - isso não existe -, mas mais crítico o martírio de Harvey Milk, por Gus Van Sant, poderia ser, com certeza. Um pouco menos de música para sentimentalizar os momentos fortes também viria bem. Mas, enfim, este vai ser o filme do qual não gostar poderá ser considerado politicamente incorreto. Sean Penn leva jeito de bisar o Oscar que já recebeu por 'Sobre Meninos e Lobos'. Não haveria de ser com meu voto, sou mais o Frank Langella de 'Frost/Nixon', mas estou tão acostumado a perder na Academia de Hollywood que até vou ficar surpreso se isso não ocorrer mais uma vez. Estou acrescentando este post na corrida. Quero ir ao teatro, ver 'A Tempestade', de Shakespeare, no Teatro Chapitô, de Luís Miguel Cintra. Amanhã, regresso para Paris. Talvez meu próximo post já seja acrescentado de lá.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.