Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Pátria doce e triste

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Concluí o post anterior, salvei e automaticamente fiz uma pesquisa para ver como anda o Caso George Floyd. Encontrei uma matéria sobre Cornel West. O filósofo por detrás do fenêmono Matrix analisa o que está ocorrendo na matriz e diz que os EUA são um experimento social falido. Vá alguém explicar isso àquela criatura enrolada em duas bandeiras na Paulista. Já foi tão envenenada, possivelmente com fake news, que não tem mais volta. Mudando de assunto, mas não tanto. Luiz Bolognesi há de me perdoar. Não havia visto a série dele, Guerras do Brasil. Aliás, e por força das circunstâncias, o isolamento na Covid está me forçando a ver filmes em links. O que isso vai mudar na minha percepção do cinema não sei, mas com certeza terá repercussão. Vi, ontem, na TV paga, o episódio de Guerras do Brasil sobre as Guerras dos Índios. Ailton Krenak entrou para o imginário, ia escrecer das pessoas de bem, mas isso virou um insulto no Brasil dos últimos anos. Fui pesquisar o nome todo. Ailton Alves Lacerda Krenak, da etnia crenaque, entrou para o imaginário de milhões de brasileiros, incluindo eu - e, tenho certeza, de Maria do Rosário Caetano, como andará na pandemia -, como o índio cidadão, que se pintou de preto no Congresso enquanto discursava da tribuna para expor a situação de seu povo perante a Assembleia Nacional Constituinte. As novas narrativas, o lugar de fala que ele, e outros, conquistaram. Krenak está sendo entrevistado, presumo que pelo póprio Bolognesi. Diz que o sorriso na cara simpática do seu entrevistador é uma contradição, porque pertencem a etnias diferentes e estão em guerra. Brancos vs índios, um genocídio que não termina nunca, e que prossegue nesse momento em que o Ministério do Meio Ambiente, segundo o próprio ministro naquela reunião, aproveita a comoção da Covid, com a imprensa 'distraída', para passar a boiada. (Como as pessoas que um dia se consideraram de bem convivem com isso, tendo apoiado essa gente?) Gostei muito de ter visto o episódio de ontem e vou procurar os demais, no Canal Curta! As Guerras do Brasil, os índios escravizados. Ainda me recuperava do Bolognesi e, na sequência do filme dele, entrou outra série documentária, Visceral Brasil- As Veias Abertas da Música. Lia de Itamaracá! Nunca fui baladeiro, conheci o ABBA no filme de Phillyda Lloyd com Meryl Steepo, mas gostava de dançar. Depois, por mais de 20 anos fui desistindo e hoje confesso que, com minha perna de RoboCop, consigo caminhar bem, mas dançar ficou impossível. Não conseguiria mais encarar uma avenida no carnaval. No ano passado, ou terá sido no começo do ano?, fui a sei lá que evento de música no Sesc Pinheiros com Orlando Margarido. Apresentavam-se vários artistas e, de repente, veio Lia. Mesmo deajeitado, dancei, contagiado pela força que emana daquela mulher. Essa ciranda quem me deu foi Lia Que mora na praia de Itamaracá Anos atrás fui a Itamaracá com Lúcia. Vontade de voltar. Que País complexo é esse? Compartyilho a indignação de Ailton Krenak, quero ser índio com ele, e queria ter dançado de novo com Lia. São as caras do Brasil que amo. Como dizia Neruda do Chile, Patria dulce y triste.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.